Terça, 30 Abril 2024 | Login

Desde que a Ford anunciou em janeiro que deixaria o país, os trabalhadores da montadora enfrentam um período de indefinições de como será feita a dispensa dos funcionários, qual será a indenização e quantos devem retornar ao trabalho para produção de autopeças de reposição dos veículos em circulação.

Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, onde fica uma das unidades da Ford, a montadora está convocando todos os trabalhadores da fábrica para retornarem à atividade e produzirem peças de reposição. Na última mediação que houve no Tribunal, a previsão da companhia, no entanto, era de que necessitaria de apenas 400 trabalhadores para produção de autopeças.

"A empresa está convocando todos os trabalhadores, aqueles que estão lesionados e afastados e até que já foram demitidos", diz o presidente do sindicato. Na sua avaliação, o telegrama enviado ao trabalhador informa que se ele não retornar à atividade serão tomadas medidas. "O sindicato sempre cumpre as ordens judiciais: se é para retornar, vamos retornar. Mas não aceitamos que a empresa imponha assédio moral."

Procurada, a Ford informa, por meio de nota, que negocia com os sindicatos de Camaçari (BA) e Taubaté (SP). Desde o anúncio da saída da empresa do País em 11 de janeiro todos os empregados estão com seus contratos ativos, sem alteração em salários e benefícios, diz a companhia.

Assembleia
Na manhã desta terça-feira, 16, o sindicato reuniu 3 mil trabalhadores do polo de Camaçari (BA) na porta da Ford para esclarecer o que ocorre em relação a essa convocação. Ficou decidido que na próxima quinta-feira, em audiência marcada no Tribunal da Justiça do Trabalho da 5ª Região, será encaminhada a demanda para sejam fixados critérios de quantos trabalhadores terão de retornar à atividade e de uma forma mais organizada "Queremos que haja controle desses trabalhadores, até para que eles não fiquem sem fazer nada."

Segundo Bonfim, o critério de retorno ao trabalho é uma das prerrogativas para que as negociações com a montadora, em andamento, continuem. Hoje sindicato e montadora negociam como será a indenização e a reparação dos demitidos. "Enquanto tiver negociação não pode ter demissão nem assédio moral", diz o sindicalista.

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A Ford apresentou recurso contra as liminares da Justiça do Trabalho que impedem a montadora de demitir sem acordo coletivo os funcionários das fábricas de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, e Taubaté (SP), ambas fechadas no mês passado, quando a montadora anunciou que não produziria mais no Brasil. Em nota, a empresa diz que entrou com os recursos nos Tribunais Regionais do Trabalho competentes

Na sexta-feira, a Justiça do Trabalho proibiu a Ford de demitir funcionários das duas fábricas antes de concluir as negociações das indenizações trabalhistas com os sindicatos. A montadora também está proibida de suspender o pagamento de salários ou as licenças remuneradas.

Na fábrica de Camaçari, que produzia os modelos Ka e EcoSport, a multa em caso de descumprimento da liminar é de R$ 1 milhão de reais, acrescida de R$ 50 mil por trabalhador atingido. Já em Taubaté, onde a Ford produzia motores e transmissões, a liminar prevê multa de R$ 100 mil por funcionário atingido, além de obrigar a empresa a entregar em até 15 dias ao sindicato dos metalúrgicos todas as informações necessárias às negociações. Em até 30 dias, um cronograma de negociação conjunta também deve ser apresentado pela montadora.

Hoje, em sua primeira manifestação desde o comunicado, de 11 de janeiro, sobre o fechamento de todas as fábricas no Brasil, a Ford disse estar engajada "ativamente" no processo de negociação com os sindicatos relacionados à decisão, realizando reuniões regulares no último mês.

Desde o dia do anúncio, todos os empregados, acrescenta a montadora, estão com contratos de trabalho ativos, sem alterações no pagamento de salários e benefícios.

Em Taubaté, os trabalhadores estão organizando uma carreata para sexta-feira, com concentração a partir das 7 horas da manhã no estacionamento da fábrica, como forma de protesto. Hoje, o sindicato dos metalúrgicos da região realizou assembleia com os trabalhadores no local e acusou a Ford de tentar dividir o movimento em defesa dos empregados ao convocar aproximadamente 40 operários a uma volta temporária ao trabalho. A montadora seguirá produzindo por mais alguns meses peças para estoques de pós-venda.

 

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O Ministério Público do Trabalho (MPT) conseguiu obter duas liminares em ações que estavam sendo movidas na Justiça do Trabalho que determina a imediata paralisação do processo de desmobilização das fábricas da Ford nos municípios de Camaçari, na Bahia, e Taubaté, em São Paulo. O órgão pede a garantia de ampla negociação entre os empregadores e os trabalhadores com o objetivo de diminuir os impactos econômicos e sociais que serão causados com a dispensa em massa dos colaboradores.

As decisões proíbem a Ford de fazer uma demissão coletiva sem prévia negociação coletiva, de suspender pagamento dos salários e licenças remuneradas enquanto os contratos de trabalho estiverem em vigor, de praticar assédio moral e negocial, bem como de apresentar ou oferecer propostas ou valores de forma individual aos trabalhadores.

“É preciso entender que estamos diante de uma questão de grandes consequências sociais, principalmente considerando o investimento do Estado brasileiro para que houvesse a instalação da empresa e a geração de empregos e todo entorno da cadeia produtiva nas cidades que será brutalmente atingido”, afirmou o procurador-geral do MPT, Alberto Balazeiro.

Em 2020, a montadora havia firmado um acordo com o sindicato da categoria de não demitir em massa. Pelo acordo, a Ford se comprometia a debater alternativas com o sindicato dos trabalhadores em caso de qualquer reversão no compromisso de não fazer dispensas em massa. Caso a companhia faça negociações individuas, contrariando a determinação, terá que pagar uma multa de R$ 1 milhão por item descumprido.

Publicado em Justiça

Os trabalhadores da Ford voltaram a protestar na manhã desta quinta-feira (21) contra a saída da empresa do Brasil e as consequentes demissões em massa de 12 mil funcionários diretos, segundo o sindicato. O ato aconteceu na fábrica da montadora em Camaçari, que permanece fechada desde o anúncio de sua saída do país, em 11 de janeiro. Desde então, apenas duas reuniões entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari foram realizadas.

“A primeira foi para agendar o calendário de reuniões e na segunda eles nos apresentaram uma proposta desrespeitosa e tão vergonhosa que a gente nem levou para assembleia. Não existia possibilidade de aceitarmos. Eles colocaram valores que não vale a pena falar. Coisa de maluco, que acha que vamos aceitar migalhas. Tem outra reunião na próxima segunda-feira e queremos que o Ministério Público esteja junto”, disse Júlio Bonfim, presidente do sindicato.

Durante a manifestação, os cerca de 2 mil trabalhadores presentes penduraram os próprios uniformes em uma cerca que contorna a sede da montadora. Na farda, foram escritas frases de ordem e nomes de familiares que também serão afetados com a perda dos empregos. A ideia do sindicato é ainda lutar para que empresa continue produzindo em Camaçari, respeitando o acordo de estabilidade até 2024 que foi assinado com a categoria.

Ainda nessa semana, Júlio Bonfim e representantes do governo estadual tiveram reuniões com o Ministério Público, que está dimensionando o impacto da saída da montadora do país, e com as embaixadas da Coreia do Sul, Índia e Japão, manifestando interesse que empresas desse país ocupem o lugar da Ford. “Ontem também teve reunião com a embaixada chinesa que eu não pude participar. Nós esperamos que venha uma nova montadora, mas sabemos que isso não é de uma hora para outra”, explicou Júlio.

Caso a montadora permaneça com a ideia de deixar o Brasil, a ideia do sindicato é conseguir um acordo justo de demissão. Para isso, uma reunião por semana deve ser realizada entre empresa e categoria. Enquanto não há definição, a fábrica de Camaçari permanece fechada. “Os salários continuam sendo pagos, pelo menos dentro do complexo. Mas nossa preocupação é com as empresas fora da Ford, que já estão querendo desligar os funcionários. Nossa orientação é que nenhuma demissão seja assinada”, diz.

 

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A Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor da Bahia (Procon-BA) notificou a montadora Ford do Brasil, nesta quarta-feira (20), para obter esclarecimentos sobre questões de logística relacionadas ao fechamento da fábrica em Camaçari. A empresa tem o prazo de dez dias para responder ao requerimento.

O Procon-BA questionou como funcionará o cumprimento da garantia dos consumidores que adquiriram veículos da Ford e estão dentro do prazo; quais estabelecimentos realizarão a assistência técnica na Bahia; e como funcionará a política de oferta de componentes e peças de reposição para os veículos produzidos no Brasil ou importados de outros países. A Ford anunciou no último dia 11 o fim da produção de veículos no Brasil.

Em entrevista ao bahia.ba alguns dias após o anúncio, o superintendente do Procon-BA, Filipe Vieira afirmou que o Código de Defesa do Consumidor assegura que a empresa tem obrigação de fornecer peças e equipamentos necessários para a manutenção do veículo, assim como o serviço de manutenção periódica.

“Isso significa dizer que, mesmo encerrando suas atividades no Brasil, a concessionária deverá respeitar os prazos da lei para conserto e reparo dos veículos, para envio de peças originais, para realização dos serviços de manutenção aos consumidores, proprietários de veículos Ford”, detalhou.

Publicado em Bahia

O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, presidente do Grupo Caoa, admitiu ter interesse na fábrica que era operada pela montadora Ford em Camaçari. Segundo ele, é preciso saber o que a Ford estaria interessada em vender e quais serão os incentivos concedidos pelo poder público para quem se instalar no local: “o governo também precisa dar condições de trabalho”. Apesar das declarações de Carlos Alberto, que trouxeram a expectativa de uma solução rápida para a situação, a assessoria de imprensa da Caoa informou que “não existe conversa entre a Caoa e a Ford com relação a fábrica de Camacari”.

“Sempre tenho interesse em novos negócios, mas é preciso analisar todo o processo porque não queremos desgastar a nossa imagem. E só iremos para frente se eu sentir muita segurança”, afirmou o empresário em entrevista para o Uol Carros. O chefe do grupo falou que tudo pode acontecer, pois considera bastante os incentivos fiscais do regime automotivo do Nordeste, prorrogado até 2025. Questionada, a montadora Ford não se pronunciou até o fechamento desta edição. O governo da Bahia respondeu através da sua assessoria que não tem conhecimento a respeito do assunto.

A história de Carlos Alberto no ramo automotivo começou com a compra de um Ford Landau numa concessionária em Campina Grande (PB). A revenda falou e ele aceitou recebe-la como compensação pelo automóvel. Em pouco tempo, tornou-se o maior revender da marca Ford no Brasil. Ele chegou a discutir sociedade com a Ásia Motors, que foi comprada pela Kia e que chegou a anunciar o projeto de uma fábrica na Bahia no final da década de 90. Em 2017, a Caoa se consorciou com a chinesa Chery para formar uma nova montadora 100% nacional, a Caoa Chery.

Segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), as demissões da Ford no país podem significar uma perda potencial de mais de 118.864 mil postos de trabalho no país, somando-se os empregos diretos, indiretos e os induzidos pela operação.

A perda de massa salarial no país é estimada pelo Dieese em R$ 2,5 bilhões ao ano, considerando os empregos diretos e indiretos perdidos, além de uma queda de arrecadação de impostos de R$ 3 bilhões anuais.

Segundo estudo da entidade, a Ford chegou a empregar 21.800 pessoas em 1980. Em 1990, tinha 17.578 trabalhadores. Nove anos depois, 9.153. Atualmente, segundo a entidade, são 6.171 empregados, sendo 4.604 mil na unidade de Camaçari, 830 em Taubaté (SP) e 470 em Horizonte (CE). Destes, 5.000 devem ser demitidos.

Em 2020, a empresa licenciou 139.897 veículos, o que representou 6,8% do total no Brasil. Destes, 84% foram produzidos no país, segundo dados da consultoria Bright. Em 1998, a empresa detinha 7,9% da produção nacional.

Nova montadora
Ontem, o governador Rui Costa esteve à frente de uma comitiva com membros do governo, representantes do setor empresarial e trabalhadores em Brasília, para apresentar a estrutura disponível às Embaixadas da Índia, Coreia do Sul e do Japão. Além do parque automotivo disponível, ele destacou a força de trabalho com expertise no setor e a garantia de que o estado vai contribuir para a implantação de uma nova indústria na Bahia.

Com o embaixador da Índia, Suresh K. Reddy, ele iniciou a corrida por novas negociações, que abarquem tanto o setor automotivo quanto outros setores potenciais. A Índia possui uma indústria automobilística de crescimento exponencial, com destaque para a empresa Tata Motors, dona da Jaguar e Land Rover, e a Mahindra, que já possui atividade no Brasil, em Porto Alegre.

“Queremos convidar as fabricantes indianas para conhecer a área antes ocupada pela Ford para avaliar a possibilidade de instalação num dos maiores parques existentes no Brasil, inclusive com porto exclusivo”, disse o governador a Reddy, que respondeu ter interesse de que companhias indianas estejam no Brasil e na Bahia, além de querer iniciar parcerias no campo tecnológico, área que a Índia tem ampliado investimentos, assim como a Bahia.

A conversa com o embaixador do governo do Japão, Akira Yamada, seguiu o mesmo viés. A indústria automotiva do país é composta por grandes empresas, a exemplo da Nissan, Toyota e Honda.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Antônio Alban, destacou a possibilidade de parcerias para desenvolvimento tecnológicos, além dos incentivos fiscais, como atrativos. Ele citou a capacidade de formação de mão de obra, o centro de tecnologia instalado no estado, que está entre os maiores do Brasil. “Queremos propiciar junto à manufatura a tecnologia embarcada”, pontuou Alban.

O embaixador da Coreia do Sul, Kim Chan-Woo, disse ter ficado impressionado com a estrutura do Senai Cimatec. O representante sul coreano assegurou difundir as informações com o setor industrial de seu país. Ele citou o exemplo da Hyndai no Brasil e a necessidade de uma menor burocratização para mais negócios com este país.

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Júlio Bonfim destacou a formação dos profissionais baianos que buscam novas oportunidades após os desligamentos da Ford. “As visitas às embaixadas permitiram passar um pouco da qualificação técnica dos profissionais, formados pelo Senai e escola técnica, e ainda apresentamos a amplitude do complexo deixado pela Ford, o maior da América do Sul”.

Convocação de trabalhadores
Na última segunda, a Ford iniciou uma convocação oficial para que empregados das fábricas retornem ao trabalho para produzir peças de reposição, segundo os sindicatos que representam os metalúrgicos das unidades, segundo informação publicada pelo jornal O Globo. Mas os funcionários resistem. As entidades são contra a volta dos funcionários até que a multinacional negocie indenizações e um plano de saída do país.

“A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero, está tudo parado, ninguém está indo (dar expediente). A fábrica precisou alugar um galpão porque na região de Simões Filho porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros aqui em Camaçari”, afirma Julio Bonfim.

Segundo ele, a multinacional não negociou ainda como será o processo de demissão nem sentou formalmente com os sindicatos para discutir as rescisões e indenizações. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirma.

Procurada pela reportagem, a Ford não se manifestou sobre a convocação aos trabalhadores e sobre eventual negociação com sindicatos.

 

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Demitido na segunda-feira (11) da semana passada, um grupo de trabalhadores das fábricas de Camaçari e Taubaté foi chamado para um retorno temporário. A tarefa é produzir peças de reposição para estoque. A informação foi divulgada pelos trabalhadores, também responsáveis por divulgar a rejeição da proposta. A argumentação é de que eles não foram informados como serão pagos os direitos trabalhistas daqueles que estão sendo desligados.

“Ninguém voltou porque a Ford fez foi um tapa na cara. Não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, afirmou Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. Bonfim relatou que a empresa alugou um galpão em Simões Filho para descarregar 90 caminhões de fornecedores que se concentraram em frente à unidade baiana depois do anúncio do fechamento.

Na segunda (11), a Ford anunciou que encerraria a produção de veículos no país. Só em Camaçari cerca de 12 mil trabalhadores perderão os empregos, incluindo mão de obra das sistemistas. O Ministério Público do Trabalho abriu um inquérito para apurar o processo de desmobilização das fábricas.

A Ford não confirmou o chamamento para a produção de peças de reposição. É certo que houve o encontro na última segunda (18) para tratar das demissões. Com informações da Exame, O Globo e do Terra.

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Além de desempregar milhares de trabalhadores e provocar um enorme prejuízo para a economia da Bahia, a saída da Ford de Camaçari também ameaça o funcionamento do Sindicato dos Metalúrgicos, cuja receita quase total era formada por contribuição dos funcionários da Ford, das autopeças e parceiras.

A perda representa 98% do valor da receita, praticamente inviabilizando o funcionamento da entidade sindical.

Por causa disso, o Sindicato decidiu fechar o Metal Clube e se viu obrigado a iniciar o processo de desligamento desses funcionários. Entidade está comunicando as empresas sobre o cancelamento da cobrança da taxa de manutenção para todos os funcionários associados ao Metal Clube. Já a taxa associativa ao Sindicato continuará sendo cobrada normalmente.

Mudanças também serão implementadas na sede administrativa, no Centro de Camaçari.

Desde o primeiro momento do anúncio inesperado da Ford, o Sindicato tem se empenhado com todas as forças para reverter a situação ou ao menos garantir os direitos dos trabalhadores, com uma indenização justa.

Além disso, a entidade tem buscado apoio junto aos poderes executivo e legislativo para buscar empresas interessadas em ocupar as instalações utilizadas pela montadora americana. Isso de fato é o que resolveria a questão do desemprego, atraindo novamente os trabalhadores para a linha de produção.

“Estamos enfrentando o momento mais difícil da vida dos trabalhadores e da história do Sindicato, desde a chegada da Ford, há 20 anos. O momento é dramático. Estamos buscando todas as possibilidades possíveis para construir saídas que possam assegurar os direitos e o emprego dos metalúrgicos”, explica Júlio Bonfim, presidente do Sindicato.

Na próxima segunda-feira (18), o Sindicato se reúne com a Ford, para discutir o processo de indenização dos trabalhadores. Também na próxima semana, o presidente do Sindicato, Júlio Bonfim, vai acompanhar o governador em viagens às embaixadas de países como China e Japão, em busca de novos investidores.

História do Metal Clube

O Metal Clube foi construído recursos do Sindicato e inaugurado no dia 18 de outubro de 2014 dentro da gestão do presidente Júlio Bonfim, como mais um passo importante na ampliação do patrimônio da categoria. Em pouco tempo, se transformou em importante espaço e ferramenta de lazer dos trabalhadores. Foi palco de diversas projetos culturais e esportivos, como torneios de futebol, vôlei, festas como o Dia das Crianças, Dia das Mães, shows musicais, Forró dos Metalúrgicos, Festa de fim de ano, entre outros eventos.

Construído em Jauá, em Camaçari, a poucos metros da praia, o Metal Clube dispõe de mega estrutura, com área que equivale a 4 campos de futebol, um verdadeiro centro de lazer, com piscinas adulta e infantil, quadra de futsal, campo de futebol society, academia, salão de jogos, serviços de bar e restaurante e estacionamento.

Fonte: STIM

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O vice-governador João Leão, secretário de Desenvolvimento Econômico (SDE), e o secretário de Relações Institucionais, Jonival Lucas, reuniram-se na manhã desta segunda-feira (18) com vereadores de Camaçari para debater soluções para o fechamento da Ford. O vereador Júnior Borges, presidente da Câmara Municipal, e Waldir Freitas, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico do município, representaram a comitiva. Os representantes do governo destacaram o trabalho célere para substituir a Ford e que a empresa que for atraída encontrará instalações modernas e toda a infraestrutura na região, além de contar com o apoio do Governo do Estado na concessão de incentivos. Foi lembrado ainda durante a reunião o trabalho de atração de novas empresas para o Polo de Camaçari, a exemplo da Formitex, que está sendo implantado, a Bayer, que assumiu as operações da Monsanto e a Unigel que arrendou recentemente a unidade da FAFEN.
 
“Fizemos uma reunião muito proveitosa. Eu e o governador estamos indo à Brasília já com agenda marcada com embaixador chinês, coreano, indiano e diversas outras embaixadas para ver se trazemos alguma empresa para substituir a Ford. Estamos caminhando para isso. Vamos assinar esta semana um protocolo de intenções de mais uma empresa no Polo de Camaçari, que vai gerar mais de 1 mil empregos entre diretos e indiretos, com um investimento de R$ 1 bilhão. É caminhando para frente que se anda. A Ford fechou, vamos abrir novas ‘Fords’ em Camaçari. Essa é a ideia”, declara Leão.
 
Segundo o Secretário de Relações Institucionais da Bahia, Jonival Lucas, a reunião reforça o compromisso do Governo do Estado, por meio da Serin, da SDE e do grupo de trabalho montado: “O Governo do Estado está atento para parcerias, não apenas com Camaçari, mas com todos os municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS), para buscar soluções que possam contribuir para a manutenção dos empregos, da renda da RMS e de toda Bahia”.  
 
O vereador Junior Borges falou da importância de manter a relação institucional ente os governos. “A provocação da Câmara de Vereadores se dá porque a gente entente que quem está na ponta são os vereadores. Estamos à disposição do Governo do Estado e do município para ser o elo entre as empresas que possivelmente podem vir a ocupar o parque industrial, que foi desocupado pela Ford. Camaçari representa 25% do PIB desse estado. Precisamos criar um plano estratégico para atrair outras empresas”, diz.
 
De acordo com dados levantados pela SDE, o complexo da Ford emprega diretamente cerca de 7 mil funcionários em até três turnos. Fornecedores externos geram 2,8 mil postos de trabalho e estima-se ainda em 75 a 80 mil os postos de trabalho indiretos impactados pela Ford. O complexo industrial da Ford na Bahia foi inaugurado em 2001. A marca foi a primeira fabricante de automóveis a se instalar no Nordeste do Brasil. A planta em Camaçari é a única fábrica de automóveis no Brasil que abriga um centro de design.
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Debaixo de uma lona improvisada na lateral de um dos veículos, cinco homens se amontoavam na espera do café feito na modesta caixa de cozinha para se proteger da forte chuva que caía na manhã desta sexta-feira, 15, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador.

Ao longo do pátio da Ford, muitos outros, vindos das mais diversas partes do Brasil, se dedicavam às mais variadas tarefas para vencer o tédio e a incerteza da volta para casa e do recebimento do suado salário, já que recebem por comissão apenas no ato de entrega das mercadorias.

O anúncio do encerramento das linhas de produção da empresa no Brasil pegou cerca de 90 caminhoneiros que prestavam serviços para a montadora de surpresa. Em condições beirando a insalubridade, já que não possuem estadia, fornecimento de alimentação ou até mesmo acesso à água, captada das torneiras de um banheiro destinado para os vigias da planta da montadora, alguns já acampam nas boleias dos seus veículos desde o último domingo, 10, quando chegaram para realizar a descarga dos materiais no local.

“Cheguei no domingo aqui e só tinham dois caminhões. Aí nos disseram que só iam descarregar na terça-feira pois na segunda era folga da empresa. Quando chegou na segunda veio a notícia e desde então estamos nessa situação aí”, afirmou o motorista Denilson Santos, residente de Camaçari e que buscou a carga em Limeira, a 134km de São Paulo e 1964km de Camaçari.

De acordo com ele, que fazia a linha de transporte de carga da montadora desde 2018, a empresa não deu nenhuma satisfação que justificasse o não-recebimento das cargas, o que tem atrapalhado a vida de muitos dos trabalhadores já que não estão recebendo as diárias relativas ao tempo parado como era de praxe durante a atividade da fábrica.

“A Ford não fala nada. Só tem um preposto nosso que tá tentando conseguir um local pra gente descarregar para que possamos ir embora. A maioria é pai de família e não é daqui. Aí tamo tudo garrado aqui desde segunda-feira, alguns desde domingo e até agora não se resolveu nada”, desabafou.

Com 38 anos de estrada, o mineiro Adriano Souza, 63 anos, também lamentou o ocorrido e disse que jamais viu situação semelhante mas que, apesar das dificuldades o ânimo entre os motoristas tem estado controlado e a principal dificuldade têm sido a saudade da família.

“A gente fica sabendo através do Whatsapp e do telefone né? Dá saudade. Até por nunca termos ficado esse tempo por aqui nessa linha. De vez em quando chegava cedo e voltava até no mesmo dia, era só descarrega. Agora, estamos tendo essa surpresa desagradável”, afirmou.

A incerteza do desemprego após o fechamento de uma linha de transporte tão produtiva, onde muitos dos entrevistados afirmaram ser sua maior renda, também tem sido uma fonte de preocupação entre os trabalhadores.

“A gente carregou o caminhão lá [São Paulo] e tava tudo bem. Nem imaginaria uma situação dessa. Quando chegamos aqui, escutando pelo rádio é que ficamos sabendo. Foi uma decisão muito rápida, uma surpresa. Não está sendo fácil. Não sabemos o que vamos fazer, todos esses empregos ninguém sabe o que vai ser, é um desastre”, lamentou.

Fechamento da Ford

Após 20 anos de atividade no estado, o fechamento do Complexo Industrial Ford Nordeste pode impactar nos empregos de 12 mil trabalhadores diretos de acordo com estimativas do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. O grupo afirma que os postos de trabalho perdidos apontam para 5 mil da Ford e outros 7 mil de empresas e transportadoras que prestavam serviço para a montadora, onde os caminhoneiros se encaixam.

Em nota, a Ford afirmou que “está informando aos seus fornecedores que os caminhões que estão parados na fábrica ou a caminho deverão retornar aos respectivos fornecedores, e essas questões serão tratadas diretamente pela Ford com cada empresa”.

Procuradas pela reportagem, a Nova Minas Transportes e a Transportes Furlong, que faziam o serviço de transporte de cargas para a montadora, não responderam o contato assim como o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cargas do Estado da Bahia (Sindicargas).

Para mitigar a situação dos funcionários ilhados, as empresas enviaram uma ajuda de custo de R$200 para que os trabalhadores possam se manter enquanto aguardam uma solução. Algo visto como pouco por muitos dos motoristas dada a incerteza do período que precisarão passar à deriva no estacionamento da montadora.

“Deram uma mixaria para cada um aí e foi isso. Aí tamo aqui desde segunda-feira, você vai no mercado com duzentos real o que você traz? Não é todo mundo que tem cozinha. A gente se junta, baixa a cozinha do Dirceu aqui e vamos um ajudando o outro”, afirmou o mineiro Leandro Tuchtler, 36 anos, que trabalhava no trajeto há um ano e meio.

Leandro questionou a falta de informação entre os setores responsáveis pela negociação e afirmou que muitos dos motoristas já começam a cogitar a tomada de medidas drásticas para solucionar a situação, ou ao menos se ver livre desta pesada carga.

“Tô vendo a hora que vai ter gente jogando a carga no chão. Já tá entregue mesmo. Aí iam chamar a polícia pra prender nós enquanto eles tão tranquilos. Todo mundo dormindo em casa, todo mundo de boa com as suas famílias e nós aqui nessa situação. Vamos fazer o que? A gente tem que ir embora. Temos família, precisamos do dinheiro, não dá para ficar parado aqui. Estamos perdidos aí. Não tem lugar de tomar banho, não tem lugar de comer direito, toda a água que conseguimos vem das torneiras do banheiro da guarita ali”, desabafou.

Necessidade do sustento faz categoria enfrentar riscos da pandemia: 'Não podemos nos dar ao luxo de parar. Se para, como nossa família vai comer?'
A solidariedade de funcionários da montadora, que haviam disponibilizado um café da manhã nesta sexta, e da própria categoria com seus pares, também foi valorizada por Denivaldo, o motorista com mais tempo de trabalho direto com a Ford, 7 anos, entrevistado pela reportagem.

De acordo com ele, toda informação recebida também é passada através da equipe de segurança da Ford e há a expectativa de que uma reunião, marcada para a próxima segunda-feira, 18, possa dar um fim ao sofrido imbróglio.

“Toda a posição que a gente recebe é dos rapazes da segurança ali. Vem aqui fala alguma coisa e é isso que a gente fica informado. O que a gente sabe é que vai ter uma reunião na segunda-feira pra decidir o que será feito com essas cargas mas até o momento não há nada de concreto. Se vão descarregar ou não, ficamos sem saber né? Queremos só resolver essa situação. Que descarreguem os carros, que mandem o pessoal de volta pra casa, que mandem para algum galpão, alguma coisa precisa ser feita”, pediu.

Incertezas que vigoram em meio a um complicado momento no país com a iminência de uma nova greve dos caminhoneiros “temos visto a movimentação pelo Whatsapp. As reinvindicações da categoria não foram atendidas. Acho que vai acontecer mas por enquanto é só especulação” e uma pandemia que já matou mais de 207 mil pessoas no país, mas que não interrompe as atividades da categoria por conta da necessidade.

“A gente não pode se dar a esse luxo de parar né? Se para, como nossa família vai comer? E como a família dos outros vai comer? Com pandemia ou não a gente tá na estrada”.

Fonte: A Tarde

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