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Chinesa BYD prepara para dia 4 anúncio oficial de fábrica na BA

Chinesa BYD prepara para dia 4 anúncio oficial de fábrica na BA

Apesar de próximo, o anúncio oficial ainda depende de algumas definições. A principal é a localização da fábrica. Não estão totalmente concluídas as negociações dos chineses com a Ford para a compra da fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em 2021. O governo baiano preparou-se para oferecer outra área caso as negociações com a Ford fracassem.

Além da localização, os incentivos fiscais envolvidos ainda são um mistério. Em entrevista à imprensa local, Rodrigues disse, no início do mês, que o governo estadual estava pronto para atender às “demandas de incentivos” do grupo chinês. Estaria faltando, disse ele, uma resposta do pedido feito ao governo federal.

Se não houver sinalização nesse sentido, a BYD (Build Your Dreams - construa seus sonhos, na sigla em inglês) corre o risco de se instalar na Bahia tarde demais para usufruir dos benefícios fiscais do regime automotivo do Nordeste e Centro-Oeste, previsto para terminar em 2025. Há a possibilidade, porém, de os incentivos serem renovados, como pedem outras montadoras instaladas nessas regiões - Stellantis, em Pernambuco, e CAOA e Mitsubishi em Goiás.

“Temos algumas pendências”, disse Li, também presidente da BYD Américas, em entrevista ao Valor ontem, segundo dia da sua viagem ao Brasil. A executiva não dá detalhes sobre o projeto. Não confirma data do anúncio nem se a nova fábrica será na Bahia. “Estamos muito próximos agora (do anúncio)”, diz.

Ela mostra, porém, entusiasmo em relação ao encontro com Rodrigues e Lula. Presidente e governador estiveram com a direção da BYD em abril na China. Rodrigues visitou fábricas e Lula encontrou-se, em Xangai, com o fundador e presidente do grupo, Wang Chuanfu, de 57 anos, chamado por alguns como o “Elon Musk da China”. Li é mais simpática à ideia de dizer que Chuanfu é uma “mistura entre Jack Welch e Thomas Edison. Fundada em 1996, a BYD passou à frente da Tesla no ano passado e passou a ser a maior fabricante de veículos elétricos do mundo.

Além dos 100% elétricos, chinesa pretende fabricar híbridos “plug-in” para uso com etanol
Li diz que a empresa ainda decidirá quais modelos planeja produzir aqui. E revela que, além dos carros 100% elétricos, pretende fabricar no Brasil híbridos “plug-in” que poderão usar etanol. Assim como o híbrido comum, o “plug-in” tem dois motores - um a combustão e outro elétrico, que se alternam, dependendo do uso. A diferença é que o “plug-in” pode ser também carregado em tomada, o que eleva seu potencial elétrico.

Para a executiva de 53 anos, futuramente o mercado brasileiro poderá ser parecido com o que é hoje o da China: metade dos carros totalmente elétricos e a outra metade de híbridos “plug-in” a etanol.

A BYD informa a intenção de investir no Brasil cerca de R$ 10 bilhões até 2025. No protocolo de intenções assinado com o governo da Bahia em 27 de outubro e anunciado no dia seguinte por Rui Costa, antecessor de Rodrigues e hoje ministro da Casa Civil, além dos automóveis, os planos do grupo chinês envolvem produção de chassis de ônibus e caminhões elétricos, além do processamento de lítio e ferro fosfato. Segundo o documento, o investimento inicial no complexo industrial baiano somará R$ 3 bilhões e será feito com recursos do próprio grupo.

Li visita o Brasil num momento em que parte da indústria automobilística defende a volta do Imposto de Importação para carros 100% elétricos, suspenso desde 2015. Para ela, a tributação tem de levar em conta a necessidade de permitir o ingresso de tecnologia ainda inexistente no país.

“A indústria passa por uma importante transição, com muita inovação. Não há chances de produzir tudo aqui. Isso inclui os componentes”, afirma. Para ela, se uma empresa está comprometida a fazer um investimento deve receber tratamento especial para esse tipo de importação.

“É preciso abrir portas para companhias inovadoras para trazer (ao país) tecnologia avançada”, diz. “Uma vez que tenha colocado dinheiro aqui você quer ter certeza de contar com todos os recursos para fazer do empreendimento um sucesso”, completa.

Nascida em Yunnan, sudoeste da China, e formada em Estatística, Li seguiu trajetória profissional que se confunde com a história da empresa. Ela começou a trabalhar na BYD um ano depois da fundação da empresa, há 27 anos. A primeira vez que passou pela sede, em Shenzhen, a empresa se resumia a um andar de poucos metros quadrados. Seis meses depois, ocupava dois edifícios.

“Aquilo me impressionou. Para uma jovem recém-graduada, que também sonha, entrar numa empresa chamada construa seus sonhos, sem limites para crescer, parecia trazer a perspectiva de um futuro brilhante”, diz a eloquente e risonha executiva, que não dispensa seu chá enquanto fala.

Tanto a empresa como a carreira da executiva tomaram impulso rapidamente. A BYD já vendeu 3,3 milhões de veículos, dos quais 1,8 milhão só no ano passado, quando registrou crescimento de 150% em relação a 2021. A receita, em 2022, alcançou US$ 61,7 bilhões. Li tornou-se responsável pela expansão da marca fora da China. Dali, ela seguiu para Hong Kong, para criar a primeira filial do grupo. Depois, foi para Roterdã, para instalar a operação europeia, e dali para Chicago e Los Angeles, onde mora hoje.

O grupo ergueu fábricas de veículos em Taiwan, Europa e Estados Unidos. Mas o caso brasileiro é peculiar pela diversidade das operações. A BYD chegou ao país em 2015, quando instalou uma fábrica de montagem de ônibus elétricos em Campinas (SP). Dois anos depois, iniciou, ali, a produção de módulos fotovoltaicos, para painéis de energia solar.

Em 2020, instalou, em Manaus, uma linha de montagem de baterias de fosfato de ferro-lítio. para abastecer a frota de ônibus elétricos. O grupo também está envolvido em projetos de monotrilhos, em São Paulo e Salvador.

Li, que aparece na lista das mulheres mais poderosas da Revista Forbes China, em 2021 e 2022, entre outros prêmios, diz notar o esforço feminino na transformação do mundo dos negócios.

Um dos seus desafios, agora, é fazer com que o consumidor de mercados como o Brasil teste o carro elétrico para “sentir a experiência de dirigir no silêncio, de forma suave e sem danos ambientais”. “O carro elétrico se vende por si mesmo”, diz. Em relação ao custo, ela aposta que, com o tempo, os preços vão cair. “Vocês vão se surpreender”, diz a executiva que, antes de partir para o encontro com Lula, hoje, participará do lançamento de mais um modelo da marca, em São Paulo.

Para ela, o trânsito de São Paulo - “muito barulhento” - se parece com o da Cidade do México. Sua expectativa é que ônibus elétricos da marca comecem a rodar na cidade, como acontece no Chile e Colômbia.

A impressão que Li teve em seu primeiro encontro com Lula foi a de alguém preocupado com as mudanças climáticas. Por isso, destaca ela, “é precioso ter um plano para construir a indústria com toda a inovação” necessária para esse objetivo.

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  • Festas tradicionais de verão geram emprego e renda em Camaçari

    As tradicionais festividades de verão, que acontecem na Costa de Camaçari durante o mês de janeiro, têm grande importância para a preservação das manifestações culturais do povo camaçariense. Porém, também, já se consolidaram como oportunidades para geração de emprego e renda, beneficiando centenas de trabalhadores informais no período.

    Para os festejos do início do ano de 2024, a Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria dos Serviços Públicos (Sesp), através da Coordenação de Licenciamento e Fiscalização do Comércio Ambulante (CLFCA), credenciou 499 trabalhadores, dos quais, 66 atuaram em Barra do Pojuca, 110 em Monte Gordo, 149 em Vila de Abrantes, e 174 em Jauá, quando comercializaram, principalmente, produtos alimentícios e bebidas em geral.

    De acordo com o levantamento feito pela pasta, a grande maioria dos ambulantes preferiu trabalhar com estruturas, como barracas fixas com toldo, barracas móveis, carrinhos de lanches, isopor com carrinhos, tendas de baianas de acarajé, entre outros, totalizando 312 equipamentos de vendas.

    Com o objetivo de levantar uma renda extra para investir na melhoria das condições de trabalho, como aplicar na compra de mais produtos e, desta forma, fortalecer seu negócio, a vendedora ambulante, Islanne de Jesus, 32 anos, trabalhou nas festividades de Jauá, que aconteceram nos dias 26, 27 e 28 de janeiro. Moradora do bairro Parque Florestal, ela disse que trabalha com o pai e mais duas irmãs vendendo churrasquinho e bebidas. "Temos um ponto fixo na praça da Gleba B, mas sempre aproveitamos para atuar nas festas da cidade, como o Natal de Luz, por exemplo. Agora, estamos apostando no Festival de Arembepe, pois acreditamos que vamos vender bastante".

    Outra munícipe que aproveita as festas de Camaçari para trabalhar com comércio informal é Eliane da Silva, 34 anos. Atualmente, fora do mercado de trabalho formal, a moradora do bairro Nova Vitória aproveitou todas as festas do período para faturar com a venda de bebidas em geral. "Não só eu, como várias pessoas estão desempregadas. Então, as lavagens são ótimas oportunidades para levarmos um dinheirinho para casa", destacou.

    O Festival de Arembepe, que este ano acontece entre 8 e 11 de março, é a próxima festa, na qual os vendedores ambulantes depositam grande expectativa nas vendas. De acordo com a CLFCA, em breve será divulgada a data do cadastramento dos trabalhadores que vão atuar nos quatro dias dos festejos, que encerra o ciclo de festa do verão da costa camaçariense.

  • Montadoras de automóveis anunciam R$ 10 bi de investimentos no Brasil

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta quarta-feira (24), em Brasília, representantes de duas multinacionais fabricantes de automóveis. Ambas anunciaram investimentos que chegam a R$ 10 bilhões nos próximos anos.

    No primeiro encontro, no Palácio da Alvorada, residência oficial, Lula recebeu representantes da companhia chinesa BYD, que produz carros elétricos. A empresa assumiu a planta industrial da Ford em Camaçari, na Bahia, onde pretende investir R$ 3 bilhões nos próximos anos. É a primeira fábrica da gigante asiática nas Américas. Na ocasião, o presidente recebeu um carro elétrico da empresa para uso pela Presidência da República, em regime de comodato (empréstimo gratuito).

    “Estima-se que serão mais de 10 mil postos de trabalho criados e R$ 3 bilhões de investimentos, fomentando a economia local e contribuindo para uma maior produção de veículos sustentáveis a partir de energia limpa. O Brasil com mais investimentos construindo o futuro”, destacou Lula em postagem nas redes sociais para divulgar o encontro.

    Mais tarde, no Palácio do Planalto, o presidente se encontrou com o presidente da General Motors International, Shilpan Amin, e o presidente da empresa para a América do Sul, Santiago Chamorro. Os executivos anunciaram um plano de investimentos da empresa no Brasil, no valor de R$ 7 bilhões até 2028. A GM é proprietária da marca Chevrolet, como é chamada no Brasil.

    “Esses investimentos vêm em boa hora, com a retomada do crescimento econômico brasileiro com programas como Novo PAC e a Nova Política Industrial. Reindustrialização e compromisso com o desenvolvimento sustentável”, escreveu o presidente nas redes sociais.

  • Obras da BYD em Camaçari começam nas próximas semanas, dizem executivos da montadora

    Executivos da chinesa BYD confirmaram ao presidente Lula (PT) que as obras da fábrica de Camaçari (BA) começam nas próximas semanas. A fabricante chinesa também entregou um Tan, SUV elétrico de cerca de R$ 500 mil, para uso da Presidência da República, com comodato válido por um ano. As informações são do jornal O Globo.

    A primeira-dama, Janja da Silva, dirigiu o carro no Alvorada e destacou a importância de incentivar a mobilidade sustentável.

    “Dirigindo um carro BYD elétrico, com energia limpa e sem poluição. É um exemplo para que o Brasil possa chegar a uma frota de carros que não polua”, disse a primeira-dama, de acordo com informações da empresa que foram confirmadas pelo Planalto.

    O presidente Lula também publicou imagens e um texto em seu perfil na plataforma X sobre a visita dos executivos da BYD e comemorou os investimentos.

    Os executivos da BYD, gigante chinesa de carros elértricos, aproveitaram o encontro para apresentar a Lula um relatório detalhado do plano de investimentos no Brasil, no mesmo dia em que os concorrentes da GM também apresentaram suas previsões de novos aportes no país: R$ 7 bilhões até 2028.

    “A BYD vai investir R$ 3 bilhões no complexo de Camaçari, que terá capacidade inicial de produzir 150 mil carros por ano e será a primeira fábrica de automóveis da empresa fora da Ásia. O novo polo industrial deve gerar 10 mil postos de trabalho (empregos diretos e indiretos), e os processos de seleção já foram iniciados. A ideia é priorizar a mão de obra local, por intermédio da capacitação e total integração entre os colaboradores brasileiros e chinese”, afirmou Tyler Li, presidente da BYD Brasil.

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