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A MPB de Chico, Caetano e Gil Tem Pouca Entrada na Bahia, Diz Cantora do Quarteto em Cy por Jamile Amine A MPB de Chico, Caetano e Gil Tem Pouca Entrada na Bahia, Diz Cantora do Quarteto em Cy por Jamile Amine A MPB de Chico, Caetano e Gil Tem Pouca Entrada na Bahia

A MPB de Chico, Caetano e Gil Tem Pouca Entrada na Bahia, Diz Cantora do Quarteto em Cy por Jamile Amine

Formação atual do Quarteto em Cy: Cyva, Sonya, Cynara e Keyla (da esq. para a dir.)

Nome clássico da MPB brasileira, o grupo vocal Quarteto em Cy retorna a Salvador para shows neste final de semana com a turnê "Olhos nos Olhos", em homenagem aos 70 anos do cantor Chico Buarque e que também coincide com a celebração dos 50 anos do grupo formado em 1964 pelas irmãs Cylene, Cynara, Cybele e Cyva, nascidas em Ibirataia, no interior da Bahia. A apresentação, que contará com uma retrospectiva das canções da carreira de Chico, acontece entre os dias 26 (sexta) a 28 (domingo), no Café Teatro Rubi, situado no Hotel Sheraton, no Campo Grande. Esta será a primeira apresentação na Bahia após a morte no último mês de agosto de Cybele, uma das irmãs, que fazia parte da formação original do grupo e havia se afastado dos palcos em 2013. Em entrevista ao Bahia Notícias, a cantora Cynara fala da história e influências do quarteto baiano, batizado por Vinicius de Moraes e atualmente radicado no Rio de Janeiro, que tem na sua formação atual as cantoras Sonya e Keyla, além da fundadora Cyva. Além de lamentar o fato da sua música – e seu contemporâneos – não ter mais a mesma importância no seu estado natal. “Quando a gente pensa na música baiana hoje, pensa em alegria, músicas fortes, mas de teor carnavalesco, axé, muita festa. Mudou muito essa coisa da música na Bahia, depois do axé, ficou tudo muito ligado a esse gênero. Então a gente vê poucas nuances na música. Tem a música de Gil, do Caetano, mais ligada na MPB, mas o que fica mesmo é a música da Ivete, dessa turma toda, Daniela, Carlinhos Brown. Acho até que a música brasileira, que é a que a gente faz, a chamada MPB de Chico e Vinicius, do próprio Gil, Caetano, essa rapaziada tem pouca entrada em Salvador, principalmente, mas na Bahia como todo. Tanto é que a gente vem pouco a Salvador. E como baianas sentimos um pouco a falta de um contato maior com nossa terra, através da música”.

Cybele: Vivemos no Rio desde anos 60. Inicialmente, éramos quatro irmãs: Cyva, Cybele, Cynara - que sou eu - e Cylene. A gente começou aqui no Rio como Quarteto em Cy, nome dado por Vinicius de Moraes e Carlos Lyra. Agora não somos mais quatro irmãs. Somos eu, Cyva, Sonya e Keila Fogaça, que entrou no lugar de Cybele, há um ano. A nossa relação com a Bahia é que é nossa terra. A gente ama a Bahia, a gente sempre quer voltar, ser reconhecida, na cidade de Salvador, principalmente, onde a gente morou e estudou. É um barato voltar à Bahia sempre, rever os amigos, a própria cidade, que nós amamos muito. É muito bom voltar e cantar na nossa terra. Nossa relação musical com a Bahia, inclusive, foi anterior ao Quarteto em Cy, porque fomos descobertas por Vinicius através de um filme, que a gente cantou na trilha sonora. O filme se chama “Sol sobre a Lama”, dirigido por Alex Viany e tinha produção de João Palma Neto, que é um baiano amigo nosso, que nos convidou para cantar. E foi ali que conhecemos Vinicius, porque a trilha era de Pixinguinha com Vinicius. Entao a nossa ligação musical com a Bahia foi através desse filme, todo rodado em Salvador, que falava da feira de Água de Meninos, e era muito dentro do espírito da cidade de Salvador. A partir daí tivemos nossos primeiros arranjos musicas com musicas de Dorival Caymmi, que foi também nosso amicíssimo. E inclusive fizemos um show com ele e Vinicius nos anos 60, em duas temporadas de muito sucesso. Chamou-se “Vinicius e Caymmi no Zum Zum”, que era uma boate aqui no Rio.

Cyva, Cylene, Cybele e Cynara na boate ZumZum com Vinícius Foto: Site oficial

BN: Vocês tiveram essa relação próxima com artistas que cantaram muito bem a Bahia, como vocês percebem o estado musicalmente hoje, vocês conhecem novos nomes dessa safra musical baiana?

C: Quando a gente pensa na música baiana hoje, pensa em alegria, músicas fortes, mas de teor carnavalesco, axé, muita festa. Mudou muito essa coisa da música na Bahia, depois do axé, ficou tudo muito ligado a esse gênero. Então a gente vê poucas nuances na música. Tem a música de Gil, do Caetano, mais ligada na MPB, mas o que fica mesmo é a música da Ivete, dessa turma toda, Daniela, Carlinhos Brown. Acho até que a música brasileira, que é a que a gente faz, a chamada MPB, de Chico, Vinicius, do próprio Gil e Caetano, essa rapaziada tem pouca entrada em Salvador, principalmente, mas na Bahia como todo. Porque ficou muito marcada essa música alegre e de festa. Acho difícil essa entrada, tanto é que a gente vem pouco a Salvador. E como baianas sentimos um pouco a falta de um contato maior com nossa terra, através da música.

BN: Quando foi ultima apresentação na Bahia?

C: Faz sete meses e foi exatamente no Café Teatro Rubi, para fazer o centenário de Vinicius, com o show “Como dizia o Poeta”, que teve a presença de Georgiana de Moraes, filha do poeta, porque ficamos o ano inteiro cantando esse show, em 2013. Em outros espaços a gente nunca mais foi. A gente costumava fazer muito TCA, no começo de carreira, inclusive com o próprio Caymmi e MPB4. Fizemos muitos shows em salvador, mas agora está difícil.

BN: Por que nos 50 anos da carreira do grupo, dentre todos os compositores que influenciaram o trabalho de vocês, vocês decidiram homenagear justamente Chico Buarque?

C: Chico fez 70 anos de carreira em junho, o mesmo mês que nós fizemos os 50. São duas datas redondas e a gente já estava com vontade de fazer a celebração dupla. Pelo fato da gente ter gravado um CD em 1991, o “Chico em Cy”, com a obra de Chico, então a gente faz agora o show, mas não é em cima do disco. Tem algumas músicas que a gente fez no CD, mas tem outras bem diferentes. É uma outra visão da obra de Chico. Incluímos músicas que nunca mais tínhamos cantado e coisas que nunca cantamos, como “Olhos nos Olhos”, “Futuros Amantes”, “Tamandaré”, que foi censurada e ele não gravou, quem guardou foi o Quarteto em Cy, em 91, uma musica fala sobre a desvalorização do cruzeiro, moeda da época. E têm coisas interessantes no show, que são “Sabiá”, “Carolina”, que são musicas de festivais, e também “A Banda”, que nós gravamos em 65, e coisas interessantes que nós o gravamos no CD de 91, mas estamos voltando a tocar com arranjos novos.

Cynara e Cybele entre Tom Jobim e Chico Buarque Festival Internacional da Canção

BN: Qual é a relação de vocês com Chico Buarque?

C: Somos amigos. Temos uma relação muito forte com ele, principalmente eu. Meus dois filhos jogam futebol com ele nas segundas e quintas, sempre vou lá no Politeama, que é o campo onde ele joga com os amigos e a gente tem muitos papos. Chico é o maior compositor brasileiro, depois de Tom Jobim, que não está mais com a gente. Ele é um cara muito inteligente e musical, grande poeta, e junta isso tudo na música dele. A gente percebe também que é um cara popular, as pessoas cantam junto. Acho que Chico é o grande do Brasil, não desfazendo de todos outros. Acho Gil e Caetano sensacionais, Dorival fora de série, Vinicius de Moraes tem aquela coisa do poeta, cada um tem sua característica, mas Chico preenche essa coisa de letra e música de forma sensacional, bate direto no povo e nos nossos corações. A gente se conheceu no ano de 1965, em São Paulo, apresentados por outro Chico, o dramaturgo Chico de Assis. E ai a gente ficou logo apaixonada pela música, e quando ele cantou "Pedro Pedreiro" a gente falou: 'essa aí queremos gravar!'. Então gravamos, e foi nosso primeiro sucesso. É uma amizade da vida inteira. Em todos os shows que a gente faz sempre vai ter música do Chico, como vai ter do Vinicius, do Caymmi, e agora é uma coisa especifica, é o momento de celebrar os nossos 50 anos e os 70 dele. Eu fui ao campo falar com ele que a gente ia fazer essa homenagem, gravei até depoimentos que estão no show, mas que não vamos poder exibir na apresentação na Bahia, porque o teatro não tem os equipamentos necessários para as projeções que fazemos durante a turnê. No lugar das imagens, então, vamos falar e comentar as músicas.

Cynara e Chico Buarque no campo do Politeama, onde o cantor costuma jogar futebol com os amigos | Foto: Blog do Quarteto em Cy

BN: Em agosto, Cybele, uma das irmãs integrantes da formação inicial do grupo, faleceu. Está prevista alguma homenagem a ela, nesse show que celebra os 50 anos do Quarteto em Cy?

C: A gente não quer especificar isso. Já tem muita emoção guardada, e a hora que a gente canta as músicas "Sabiá" e "Carolina", que cantei em festivais com ela, já é uma emoção represada. A gente não quer muito ficar falando nisso, porque a gente não vai conseguir cantar. Está muito recente, ela faleceu há um mês. Na prática, todos os show que estamos fazendo são pra ela. A gente não precisa explicitar isso. Porque é um apelo que a gente não quer fazer, justamente para nos proteger um pouco do excesso emocional. No palco a gente fica muito vulnerável, já tem aspecto emocional do próprio público, que está percebendo as coisas. São músicas muito emocionantes, que a gente cantou com ela a vida inteira, e ainda ficar falando nisso, ao vivo, é uma coisa que não vai fazer bem pra gente, para o show e pra ela, até. Acho que ficar falando, chorando, não é legal. A gente tem isso, nós somos espiritistas, então a gente tem uma coisa de não ficar remoendo isso. É uma coisa muito particular, de não ficar batendo nessa tecla. A gente já sofreu muito, foi um baque muito grande a ida dela para outro plano. A gente acha que ela está muito bem, muito melhor que todos nós, porque a gente acredita nisso. Eu acho que a gente faz as coisas pensando nas pessoas que são amigas, são queridas. E neste caso, é ela. Ela vai estar presente no show, com certeza. Pelo fato dela ter cantado essas músicas todas a vida inteira com a gente, ela deve estar espiritualmente lá.

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  • Investimentos na cultura são destaques no setor em 2023

    O investimento na cultura do município tem sido uma prioridade da Prefeitura de Camaçari que, através da Secretaria da Cultura (Secult) tem realizado uma série de ações no setor. Em 2023, diversas iniciativas foram promovidas, como eventos artísticos e oferta de cursos, com destaque para o lançamento de editais, a entrega de equipamento cultural e a requalificação de espaços.

    Com a proposta de ofertar um ambiente mais acolhedor para alunos, pais, servidores e todos que frequentam os diversos ambientes da Cidade do Saber – considerado um dos maiores centros de inclusão social da América Latina –, foram iniciadas em novembro as obras no complexo. As intervenções, realizadas em uma área total construída de 10.534,33 metros quadrados (m²), atenderão os serviços com adequação, recuperação e requalificação dos espaços.

    Os munícipes receberam em outubro o novo Arquivo Histórico de Camaçari, órgão de custódia dos documentos da Administração Pública Municipal, que desempenha um papel fundamental na organização e preservação dos registros e promove o acesso e o uso da informação à população através da pesquisa, tendo como primazia a preservação da história e a memória do município, que passou a integrar o Centro Antigo da cidade.

    O ano de 2023 representou um marco para a história de Camaçari, pois, pela primeira vez, o município recebeu a passagem do fogo simbólico em celebração ao bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, integrando o roteiro do Recôncavo Norte. O evento, realizado em julho, reuniu atletas, atrações culturais e ato cívico, sendo um reconhecimento à participação das pessoas que viviam nas batalhas e lutaram contra a invasão da Coroa portuguesa e pela libertação do povo brasileiro.

    Editais – O lançamento dos comunicados são uma das prioridades da Secult para o fomento das iniciativas artísticas no município e valorização dos agentes culturais. Em maio, foi aberta a 2ª edição do edital de credenciamento Cidade Cultural, que possibilita a artistas e grupos estarem aptos a realizar apresentações em equipamentos e eventos da prefeitura.

    Em agosto, foi lançada a 2ª edição do edital Evandro Amaro, voltado para fanfarras, bandas marciais, filarmônicas e orquestras com o desenvolvimento de educação musical nas escolas municipais, equipamentos culturais e associações. A iniciativa selecionou dez projetos, totalizando R$ 1 milhão em investimentos.

    Até novembro, estavam abertas as inscrições para o edital Oficineiros, credenciamento para formação de um banco de profissionais com experiência técnica na área cultural para oferta de capacitação em atividades culturais como instrutores.

    No mesmo mês, foi iniciado o lançamento dos certames com aplicação dos recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG) no município: edital de fomento Camaçari Audiovisual e a 3ª Edição do Prêmio Mestras e Mestres da Cultura de Camaçari. Em breve, ainda serão abertos o Camaçari Criativa e o Bolsa Cultura.

    Eventos culturais – Iniciando as ações de 2023, no dia 6 de janeiro foi realizado, com apoio da Secult, o Terno de Reis, manifestação tradicional na localidade de Barra do Pojuca. No começo do ano também teve destaque a retomada da realização das lavagens na costa, que reuniu mais de 30 atrações culturais em Barra do Pojuca, Monte Gordo, Jauá e Arembepe, além da participação de alunos dos equipamentos da Secult.

    De volta ao calendário de eventos, a Feira Pôr do Sol foi promovida em janeiro em Guarajuba e Arembepe, e, entre os atrativos, contou com apresentações artísticas promovidas pela secretaria. Em 2 de fevereiro, aconteceu o cortejo ao Dia de Iemanjá; em março, o Sarau Cultural comemorando o Dia Nacional do Poeta; e em abril, foi realizado, em Vila de Abrantes, o espetáculo A Paixão de Cristo, momento especial que reuniu centenas de pessoas em celebração à Semana Santa.

    Durante os festejos juninos, a tradicional Vila da Cultura contou com ampla programação no Espaço Camaçari 2000, com 20 atrações musicais, além do Festival de Quadrilhas Juninas, exposição e espaços especiais. Em setembro, os desfiles cívicos – em comemoração à Independência do Brasil e aos 265 anos de emancipação política de Camaçari, realizados nos dias 7, 16, 24 e 28 – contaram com ampla participação da Secult, através da animação de oito bandas marciais e fanfarras, e 25 grupos culturais, além de alunos dos equipamentos geridos pela pasta.

    Ao longo de 2023, o Teatro Cidade do Saber (TCS) foi palco para 76 eventos culturais, com destaque para os concertos das orquestras Caraípa e Juvenil de Camaçari (OJUCA); a 16ª edição do Festival Nacional de Dança – Ballace, evento que se consolida como uma das mais importantes mostras competitivas de dança do país; e espetáculos de comédia e shows musicais. Além disso, o espaço recebeu duas exposições artísticas, 36 atividades institucionais e 27 particulares. Durante o ano, o equipamento contou com 68.240 espectadores.

    Já o Teatro Alberto Martins (TAM) atendeu 99 solicitações de eventos, como ações institucionais e educacionais, além de 17 atividades artísticas. Entre os destaques estão aulões de zumba e os eventos Alberto ao Reggae e Alberto InCena, todos promovidos pela Secult, e ainda espetáculos, como dos comediantes João Pimenta e Tiago Souza, e o show Covers de Sábado à Noite. Ao todo, foram mais de 5.851 espectadores.

    Cursos e oficinas – Entre as ações contínuas da Secult está a oferta de cursos e oficinas culturais e esportivas em diferentes equipamentos. Este ano, foram atendidos 5.202 alunos na Cidade do Saber, Pracinhas da Cultura, Barracão Cultural Idalva Alves de Souza, em Arembepe, e centros culturais Vila de Abrantes e Barra do Pojuca. Neste último, além dos cursos ofertados pela pasta, 60 crianças e adolescentes foram contemplados através do projeto Tocar & Encantar, com aulas de violão e flauta doce.

    Em 2023, a secretaria adotou como tema anual: "Juntos por uma educação cultural, inclusiva e plural". A temática foi trabalhada pelos professores nas aulas e norteou as demais ações da Secult.

    Subprogramas – Gerido através do subprograma Camaçari nos Trilhos da Memória, o Museu de Camassary já recebeu 3.200 visitas espontâneas, além das visitas de grupos, sobretudo de instituições escolares. O equipamento tem divulgado a história e o patrimônio cultural do município, além de abrigar exposições como Mulheres - Histórias Cotidianas, Camassary Tradições Indígenas e 1 Ano de Muita História.

    Por meio do subprograma Camaçari Tem Cena, inúmeras ações foram promovidas, como os projetos Cine em Cena, Das Telas às Imagens - Identidade Cultural Por Cada Um de Nós, Café Concerto, Sexta da Música e Vozes Negras, além de uma programação especial em celebração ao Abril da Dança, e oficina de xilogravura.

    Através do subprograma Vamos Ler Camaçari, a Biblioteca Pública Municipal Jorge Amado foi reaberta em novo local. O equipamento, anteriormente situado no complexo Cidade do Saber, passou a funcionar na Praça Abrantes, onde antes abrigava a Biblioteca Infantojuvenil, local que recebeu obras de requalificação para ofertar melhor serviço ao público. Também foi promovida a Semana Monteiro Lobato, o evento BA x VI da Literatura Infantil, celebração ao Dia do Folclore, atividades da Semana das Crianças, e o Projeto Conte Sua História.

    Por meio do subprograma Camaçari Nova Cultura, foi realizada a reformulação do Portal da Secult, que ganhou novo layout (disposição dos elementos visuais na página) e mais funcionalidades, aproximando ainda mais a população dos serviços da pasta, melhorando a acessibilidade e dando mais transparência às informações. O Mapa Cultural de Camaçari também foi remodelado, tendo novo layout mais intuitivo para facilitar o acesso e a usabilidade.

    O Laboratório de Tecnologia de Camaçari (LABTEC) realizou oficina de Robótica com Lego, e minicursos de Modelagem e Impressão 3D, totalizando 55 alunos, além de promover palestra sobre energias renováveis e exposição de projetos maker, atingindo 2.710 pessoas. Em 2023, o Museu de Ciência e Tecnologia UNICA - Universo da Criança e do Adolescente, recebeu 2.413 visitantes, o que significa um aumento de 31% em relação a 2022.

    Demais ações – Em outubro de 2023, foi realizada a VI Conferência Municipal de Cultura de Camaçari, que teve como tema: "Democracia e Direito à Cultura em Camaçari" e reuniu agentes culturais e cidadãos interessados em discutir a temática, além de eleger os delegados que representaram o município nas conferências Territorial e Estadual de Cultura da Bahia.

    Para fomentar a prática de atividades culturais, a Secult realizou a entrega de kits de fardamento para alunos de balé clássico, balé que dança, futsal e violino desenvolvidos entre a Pracinhas da Cultura e os centros culturais Barra do Pojuca e Vila de Abrantes.

    Promovendo a descentralização das ações, o Projeto Secult Itinerante levou serviços da pasta para Vila de Abrantes, Barra do Pojuca e Arembepe. Em 2023, a secretaria foi destaque de boas práticas culturais no Território Metropolitano de Salvador (TMS). O município pôde apresentar os indicadores positivos durante o Encontro de Dirigentes Municipais de Cultura do TMS, realizado na cidade de São Francisco do Conde, em agosto.

  • Maria Marighella, neta do ex-guerrilheiro Carlos Marighela vai comandar a Funarte

    A ministra da Cultura do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Margareth Menezes, convidou a neta do ex-guerrilheiro Carlos Marighella, a vereadora de Salvador, atriz e produtora cultural Maria Marighella, para o comando da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

    O anúncio foi feito na noite de segunda-feira (2), quando Margareth Menezes assumiu o cargo. À frente do ministério, ela terá o desafio de liderar a pasta que foi extinta no governo Bolsonaro.

    Nesta terça-feira (3), Maria Marighella disse que vai ter a missão de retomar a reconstrução da Política Nacional das Artes, que segundo ela, foi interrompida em 2016, com o fim do governo de Dilma.

    "Assumo com muita honra a missão que me foi confiada pela ministra Margareth Menezes - a quem celebro e agradeço. É uma grande responsabilidade ser a primeira mulher nordestina a ocupar esta Presidência", disse a nova representante da Funarte.
    "Refundaremos também a Funarte com a força da Cultura de todo Brasil. À reconstrução do Min, à refundação do Brasil".

    Maria Marighella foi eleita vereadora da capital baiana pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em novembro de 2020, com 4.837 votos. Sua candidatura foi fundada junto à Manifesta Coletiva, movimentação cidadã de ocupação da política institucional da qual faz parte e através da qual defende “uma outra cultura política em Salvador”.

    Nascida em Salvador, em 16 de janeiro de 1976, é atriz graduada pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Filiou-se ao PT em fevereiro de 2020, após uma longa trajetória em governos petistas, nos âmbitos federal e estadual, como gestora de políticas públicas para a cultura.

    Foi coordenadora de Teatro da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e da Fundação Nacional de Artes (Funarte), além de Diretora de Espaços Culturais da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), tendo acumulado mais de dez anos de experiência na gestão de políticas culturais e contribuído com diversas instituições do país.

    Em sua passagem mais recente pela Secretaria da Cultura do Estado da Bahia, atuou na construção e aprovação da Lei Aldir Blanc - que, dentre outras medidas, possibilitou o auxílio emergencial para trabalhadoras e trabalhadores da Cultura durante a pandemia da Covid-19.

    Feminista e antirracista, Maria Marighella exerceu o primeiro mandato na Câmara Municipal de Salvador com a pauta da cultura na centralidade de um projeto de desenvolvimento para a capital baiana que tenha como meta a justiça social e o bem-estar de todas as pessoas na cidade.

    Ativista da cultura, sendo também professora e produtora teatral, Maria Marighella traz em seu nome e na sua história a luta por democracia no Brasil que tem em seu avô, Carlos Marighella, um de seus maiores símbolos.

    Quando Maria nasceu, ainda na época da ditadura, seu pai, Carlos Augusto Marighella, se encontrava preso por causa de uma operação comandada pelo coronel Brilhante Ustra, que encarcerou dezenas de militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) na Bahia.

    Em seu primeiro mandato na Câmara Municipal de Salvador, Maria Marighella foi indicada pela Presidência da Câmara para assumir a gestão do Centro de Cultura Vereador Manuel Querino, além de ter sido eleita membro das comissões permanentes de Cultura e de Defesa dos Direitos da Mulher.

    Cerimônia de Margareth Menezes

    A cerimônia de Margareth no Museu da República, em Brasília, e contou com a participação da primeira-dama, Janja da Silva, uma das defensoras do nome para o cargo.

    No discurso, Margareth afirmou que "nunca mais" a pasta deixará de ser ministério. “Como aceitar que, de repente, nosso Ministério da Cultura, dessa profunda riqueza, tenha desaparecido por duas vezes do nosso horizonte? Nunca mais.”

    “Nós merecemos o nosso ministério. O Brasil tem uma das mais ricas, potentes e respeitadas forças de produção cultural do mundo. Que o nosso Minc nunca mais desapareça”, afirmou.
    Durante o discurso, a ministra lembrou das dificuldades enfrentadas pelo setor cultural durante a pandemia e os prejuízos causados aos artistas que tiveram que se manter reclusos.

    "Durante a pandemia os artistas brasileiros sofreram como nunca. O prejuízo econômico do setor artístico cultural foi de aproximadamente R$ 63 bilhões, segundo pesquisas recentes. Sem Ministério, sem políticas culturais e sem recursos. Muitos dos mais criativos e sensíveis brasileiros tiveram que deixar os palcos, as telas, as bibliotecas, os ateliês e buscar outras atividades para poder sobreviver. Com isso, o próprio Brasil ficou mais calado, apequenado, triste."

    "Todos ganham com o desenvolvimento cultural, como sabem, educação sem cultura é ensino, segurança sem cultura é repressão, saúde sem cultura é remediação, desenvolvimento social sem cultura, é assistencialismo", completou a ministra.

    A cerimônia teve diversas apresentações artísticas, inclusive da ministra, que cantou a música "Faraó".

    O que faz o ministério
    Entre as atribuições do Ministério da Cultura estão:

    política nacional de cultura e a proteção e promoção da diversidade cultural.
    proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural;
    direitos autorais;
    assistência nas ações de regularização fundiária, para garantir a preservação da identidade cultural dos remanescentes das comunidades dos quilombos;
    desenvolvimento e implementação de políticas e ações de acessibilidade cultural;
    formulação e implementação de políticas, programas e ações para o desenvolvimento do setor de museus.

    Em maio deste ano, Lula prometeu devolver à Cultura status de ministério, pasta que foi dissolvida na gestão de Jair Bolsonaro a uma secretaria especial do Ministério do Turismo. Durante o governo de Bolsonaro, já foram responsáveis pelo setor os atores Mario Frias e Regina Duarte.

    A intenção de Lula é dar à nova pasta uma estrutura mais robusta do que teve em governos anteriores.

    O petista também quer implementar o Sistema Nacional de Cultura, com descentralização dos recursos. Ele defende ainda potencializar processos criativos e fortalecer a memória e diversidade cultural, ao valorizar a arte e a cultura popular e periférica. E garantir a liberdade artístico-cultural.

    Quem é a ministra
    Margareth é uma artista baiana, natural de Salvador (BA), e considerada por especialistas da cultura um símbolo da potência negra e feminina do universo musical afro-pop-brasileiro.

    Com mais de três décadas de carreira, Maga, como é conhecida, tem mais de 10 álbuns lançados, quatro indicações ao Grammy, fez mais de 20 turnês internacionais e é uma das principais expoentes da música baiana no mundo. Relembre a trajetória artística da ministra.

    Após 35 anos de carreira musical, a cantora foi nomeada para integrar o grupo de cultura da equipe de transição de Lula.

  • Forró é declarado patrimônio imaterial brasileiro pelo Iphan

    O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu, nesta quinta-feira (9), declarar o forró como patrimônio imaterial brasileiro por unanimidade. A definição ocorreu em reunião extraordinária do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural da entidade, o qual também considerou a expressão musical como supergênero. O processo foi aberto em 2011.

    De acordo com o órgão, o forró é considerado um supergênero por agrupar ritmos e expressões musicais como o baião, o xote, o xaxado, o chamego, o miudinho, a quadrilha e o arrasta-pé.

    "Manifesto-me plenamente favorável ao registro pelo Iphan das matrizes tradicionais do forró, munidas das formas de expressão com abrangência nacional", afirmou a relatora do processo na entidade, Maria Cecília Londres Fonseca.

    O reconhecimento do forró como patrimônio imaterial do Brasil acontece a apenas quatro dias do Dia do Forró, celebrado anualmente no dia 13 de dezembro, dia do nascimento de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Gonzagão nasceu em 13 de dezembro de 1912.

    Em 2019, o Iphan iniciou uma pesquisa nos nove estados do Nordeste, além do Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo para entender e identificar como se expressa o supergênero musical.

    Em seguida, também houve pesquisa nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, com a identificação de festivais sobre a expressão musical.

    De acordo com a relatora do processo no conselho do Iphan, Maria Cecília Londres Fonseca, "a pesquisa aponta que a primeira menção à palavra forró foi localizada em um jornal amazonense de 1914, referiu-se a seringueiros cearenses possivelmente em suas atividades festivas".

    Segundo a relatora, a pesquisa também identificou que o mais provável é que a palavra forró venha do termo forrobodó. O termo já era utilizado em dicionários desde o fim do século XIX como atendendo a práticas pejorativas.

    Início do processo
    O pedido de consideração de registro das matrizes tradicionais do forró foi encaminhado ao Iphan pela Associação Cultural Balaio Nordeste, de João Pessoa, na Paraíba. Após a solicitação, o processo foi aberto em 2011. Segundo Maria Cecília Londres Fonseca, esse pedido foi antecedido por intensa mobilização de diferentes atores.

    No início, o forró ocorria como uma criação artística relativa ao universo do homem sertanejo. A primeira gravação com o termo "forró", conforme a pesquisa do Iphan, foi feita em 1937 pelos músicos Xerém e Manoel Queiroz, intitulada "Forró na roça".

    Mas foi Luiz Gonzaga o principal divulgador e representante do forró em todo o País. No começo de tudo, o gênero musical era tocado com três instrumentos apenas: a sanfona, o zabumba e o triângulo. Em seguida, outros instrumentos foram acrescentados à musicalidade, como o pandeiro, a guitarra e a bateria.

     

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