Domingo, 28 Abril 2024 | Login
Países da Europa vão rastrear passageiros suspeitos após ataques em Paris Países da Europa vão rastrear passageiros suspeitos após ataques em Paris

Países da Europa vão rastrear passageiros suspeitos após ataques em Paris

A Europa se prepara para aprofundar as ações de “traçabilidade” de suspeitos de terrorismo, assim como as ferramentas de investigação após os atentados de Paris. Horas antes da marcha, ministros do Interior de 11 países encaminharam na capital francesa a decisão de implantar o Passenger Name Record (PNR), um sistema já existente nos Estados Unidos e que permite colher e trocar dados sobre passageiros de transporte aéreo.
O objetivo é controlar a saída e entrada dos “jihadistas europeus” em guerra pelo Estado Islâmico. As medidas foram discutidas em uma reunião do G-10, um recém-criado conselho de ministros do Interior e de Justiça de 10 países do Ocidente, incluindo Europa e Estados Unidos.

O objetivo do grupo é debater e adotar medidas conjuntas para combater o fluxo de suspeitos de terrorismo e o tráfico de armas. As ações ainda serão anunciadas oficialmente e várias terão de passar por aprovação de parlamentos nacionais. Mas o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, revelou desde já que a Europa vai adotar o Passenger Name Record.
O sistema de supervisão já existe nos Estados Unidos, no Canadá, na Austrália e na Grã-Bretanha, mas até aqui enfrentava a resistência da União Europeia. Na prática, trata-se do registro de informações sobre cada passageiro em um banco de dados informáticos construído a partir das companhias aéreas.

Entre as informações retidas estão o nome dos passageiros, seu itinerário, telefones de contato – incluindo de familiares –, reservas de hotel e de automóveis, se disponíveis, e até preferências de alimentação. Até aqui a Lei Europeia de Proteção de Dados impedia na prática o uso dos dados de um Passenger Name Record no interior da União Europeia.

A legislação proíbe que as informações sejam transmitidas a órgãos governamentais, em nome do respeito à vida privada. Serviços secretos da Europa, por exemplo, só podem acessar as informações caso a caso, após avaliação da Justiça.

Os atentados de Paris, entretanto, parecem ter posto um fim às restrições que os líderes europeus tinham sobre o tema. O objetivo agora é ampliar a “traçabilidade” de quem se dirige para áreas de conflito, como Síria e Iraque, a exemplo dos “jihadistas europeus”.
Em toda a França, pelo menos 3 milhões participaram das manifestações. Em outros lugares como Londres, Madri e Tóquio a população também foi à rua. O ministro do Interior da França contou que a marcha de ontem foi a maior manifestação na história da França.

Bernard Cazeneuve declarou que o evento é algo “sem precedentes”. Os manifestantes, afirmou, eram tantos e se espalharam de tal forma, que se tornou impossível contar quantas pessoas participaram.

A imprensa francesa chegou a estimar que mais de 3 milhões de pessoas participaram. De acordo com o jornal Le Figaro, o público em Paris chegou a 2 milhões e, levando em conta manifestações em outras cidades francesas, a contagemsobe para 3,7 milhões.
O número é maior do que a quantidade de pessoas que tomou as ruas de Paris depois que os Aliados libertaram a cidade dos Nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Líderes

De braços dados, mais de 40 líderes mundiais lideraram a quieta procissão, deixando diferenças de lado em uma manifestação que, nas palavras do presidente francês, François Hollande, fez de Paris “a capital do mundo”. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ficou ao lado do presidente palestino Mahmoud Abbas.

Também marcharam o presidente ucraniano Petro Poroshenko e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov. Os ataques ao jornal satírico Charlie Hebdo, a um supermercado e contra um policial marcaram um ponto de virada para a França que alguns compararam ao efeito que teve, para os Estados Unidos, os ataques de 11 de Setembro de 2001.

2015-01-12-ataqueparislideres

“Nosso país vai se levantar ainda melhor”, disse Hollande. Em diversas cidades do mundo, pessoas se reuniram para homenagear as 17 vítimas que morreram durante os três dias de ataques em Paris e para apoiar a liberdade de expressão.

Cortejo

Por volta do meio-dia (hora local), os líderes mundiais que participam do evento saíram do Palácio Eliseu e se dirigiram de ônibus até a Praça da República, onde se posicionaram à frente da marcha, de braços dados. O presidente François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel ficaram lado a lado puxando o cortejo, junto com um grupo menor, numa espécie de primeiro pelotão.

Eles caminharam cerca de 1,5km à frente da multidão e por apenas cerca de 200 metros, por razões de segurança. Hollande cumprimentou os líderes, um por um, ao fim da caminhada. Os familiares e amigos das 17 vítimas mortas pelos atentados dos últimos dias também estiveram na frente da marcha. Hollande também se dirigiu a eles para cumprimentá-los.

Um dos momentos mais emocionantes foi o encontro de Hollande com o médico Patrice Pelloux, colaborador do Charlie Hebdo. Ele foi a primeira pessoa a socorrer os colegas após o ataque ao jornal. Patrice recebeu uma ligação de um amigo pedindo que fosse lá já que eles “haviam sido alvejados por fuzis”.

À noite, Hollande e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, participaram de uma cerimônia numa sinagoga em homenagem aos quatro judeus mortos por Amedy Coulibaly durante a invasão a um mercado judaico na última sexta-feira. Cerca de cinco mil policiais ficaram mobilizados em Paris, sendo 2200 deles exclusivamente para atuar na manifestação.

Atos acontecem em diversas cidades do mundo

Milhares de pessoas se reuniram em diversas cidades ao redor do mundo, ontem, em honra das 17 vítimas que morreram durante três dias de ataques em Paris na última semana e para apoiar a liberdade de expressão.
Em Sidnei, na Austrália, centenas de pessoas se reuniram na Praça Martin, no centro da cidade, onde um defensor do grupo Estado Islâmico manteve 18 pessoas como reféns em um café por mais de 16 horas, no mês passado, ocorrência que terminou com dois reféns e o agressor mortos.

Mais de 500 australianos e cidadãos franceses participaram do ato, gritando palavras como “Eu sou Charlie” e “Liberdade”. Em Londres, na Inglaterra, centenas de pessoas também se reuniram no centro da cidade para homenagear às vítimas.

Em Tóquio, no Japão, cerca de 200 pessoas, a maioria franceses residentes no país, se reuniram no pátio do Instituto Francês. Depois de manterem um minuto de silêncio, eles cantaram “A Marselhesa”, o hino nacional francês, e seguraram cartazes com os dizeres “Je suis Charlie”, em francês ou na tradução para o japonês.

Ontem, em Nova York, centenas de pessoas, a maioria de nova-iorquinos de língua francesa, enfrentaram baixas temperaturas e participaram de uma manifestação empunhando canetas. Olivier Souchard, um residente francês, nascido Nova York, que trouxe sua família e amigos, explicou o apoio pela liberdade de expressão.

“O que temos medo é de menos liberdade para mais segurança - isso é amordaçar”, disse. No Rio de Janeiro, cerca de 200 pessoas, segundo os organizadores do evento, participaram da manifestação em apoio às vítimas do atentado. O grupo saiu da Pedra do Arpoador e caminhou na Avenida Vieira Souto em direção à Praça Nossa Senhora da Paz.

Já em São Paulo, 300 pessoas caminharam pela Avenida Paulista até o Consulado Geral da França, também exibindo canetas e cartazes com os dizeres “Je suis Charlie”. O evento foi organizado por franceses que vivem na cidade.

Diante do Consulado, os manifestantes entoaram por duas vezes a “Marselhesa”, hino nacional francês, e fizeram um minuto de silêncio. O cônsul-geral francês em São Paulo, Damien Loras, pediu que os brasileiros que estejam com viagem marcada ao país não tenham medo.

Itens relacionados (por tag)

  • UE: 2023 foi ano mais quente já registrado no mundo, dizem cientistas

    O Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia, confirmou nesta terça-feira (9) que o ano passado foi o mais quente já registrado no planeta por margem substancial e provavelmente o mais quente do mundo nos últimos 100 mil anos.

    Os cientistas já esperavam esse marco, depois que recordes climáticos foram repetidamente quebrados. Desde junho, todos os meses foram os mais quentes registrados no mundo, em comparação com o mesmo mês dos anos anteriores.

    "Foi um ano excepcional, em termos de clima, mesmo quando comparado a outros anos muito quentes", disse o diretor Copernicus, Carlo Buontempo.

    Ele disse que 2023 foi o ano mais quente nos registros de temperatura global desde 1850. Quando comparado com dados paleoclimáticos de fontes como anéis de árvores e bolhas de ar em geleiras, Buontempo afirmou que foi "muito provavelmente" o ano mais quente dos últimos 100 mil anos.

    Em média, em 2023, o planeta esteve 1,48 grau Celsius mais quente do que no período pré-industrial de 1850-1900, quando os seres humanos começaram a queimar combustíveis fósseis em escala industrial, emitindo dióxido de carbono para a atmosfera.

    Os países acertaram, no Acordo de Paris de 2015, em tentar impedir que o aquecimento global ultrapasse 1,5°C, para evitar consequências mais graves.

    O mundo não violou essa meta - que se refere a uma temperatura média global de 1,5ºC ao longo de décadas - mas o Serviço de Mudanças Climáticas disse que as temperaturas que ultrapassaram esse nível em quase metade dos dias de 2023 estabeleceram "um precedente terrível".

    Emissões recordes
    Apesar da proliferação de metas climáticas de governos e empresas, as emissões de CO2 continuam muito altas. As emissões mundiais de CO2 provenientes da queima de carvão, petróleo e gás atingiram níveis recordes em 2023.

    No ano passado, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera subiu para o nível mais alto já notificado, de 419 partes por milhão.

    Foi também o primeiro ano em que todos os dias foram mais de 1ºC mais quentes do que na era pré-industrial. Pela primeira vez, dois dias - ambos em novembro - foram 2ºC mais quentes do que no período pré-industrial, segundo o C3S.

    O ano passado foi 0,17ºC mais quente do que 2016, o ano mais quente anterior - quebrando o recorde por margem "notável", disse Buontempo.

    Juntamente com a mudança climática causada pelo homem, em 2023 as temperaturas foram impulsionadas pelo fenômeno climático El Niño, que aquece as águas superficiais no leste do Oceano Pacífico e contribui para o aumento das temperaturas globais.

  • Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, é morto a tiros

    O candidato presidencial equatoriano Fernando Villavicencio foi morto a tiros após realizar um comício em Quito, capital do Equador, nesta quarta-feira, 9.

    O político foi alvo de 15 tiros, sendo que três acertaram a cabeça. Villavicencio estava com seguranças, mas foi alvejado no tumulto causado após o fim do comício.

    Fernando Villavicencio tinha 59 anos e estava em 5º lugar na corrida presidencial, segundo uma pesquisa publicada pelo veículo de comunicação "El Universo" na última terça-feira, 8. Após o tiroteio desta quarta, ele foi levado ao hospital, mas devido à gravidade dos ferimentos, teve morte confirmada por médicos, familiares e as autoridades que estão acompanhando o caso.

    O atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, disse que "o crime organizado foi longe demais" em uma postagem na rede social. "Indignado e consternado com o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Minha solidariedade e condolências à sua esposa e filhas", escreveu.

    O presidente acrescentou que "pela sua memória e pela sua luta, garanto que este crime não ficará impune" e que "o crime organizado foi longe demais, mas receberá todo o peso da lei".

    O Equador tem enfrentado nos últimos anos um aumento do crime relacionado ao tráfico de drogas, o que quase dobrou a taxa de homicídios para 25 por 100.000 habitantes em 2022.

    Villavicencio era um dos oito candidatos no primeiro turno das eleições presidenciais e era o representante de um partido de centro. O pleito ocorrerá antecipadamente em 20 de agosto.

  • Boris Johnson renuncia ao cargo de deputado e diz estar 'perplexo e chocado' por ter sido 'forçado a sair'

    O ex-primeiro ministro britânico Boris Johnson renunciou ao cargo de deputado nesta sexta-feira, responsabilizando por sua decisão a comissão parlamentar que investiga o escândalo "Partygate" — as festas realizadas durante seu mandato em Downing Street, sede do governo, celebradas em plena pandemia de Covid-19. Como consequência, o Parlamento do Reino Unido vai passar por uma eleição suplementar imediata, o que aumenta a pressão política sobre seu sucessor, Rishi Sunak, do Partido Conservador.

    No ano passado: Boris Johnson renuncia à liderança do Partido Conservador e deixará governo britânico
    'Partygate': Veja cronologia da crise política enfrentada por Boris Johnson

    — É muito triste deixar o Parlamento, pelo menos por enquanto. Mas, acima de tudo, estou perplexo e chocado por poder ser forçado a sair, de forma antidemocrática, por uma comissão presidida e administrada por Harriet Harman, com um viés tão flagrante — afirmou Johnson ao jornal britânico Times.

    A renúncia se dá após a comissão da Câmara dos Comuns afirmar que ele enganou a Casa e recomendar uma sanção de mais de 10 dias, o que Boris nega.

    — Eles ainda não produziram um pingo de evidência de que eu intencional ou imprudentemente enganei a Câmara dos Comuns — alega o ex-premier.

    Perfil: Quem é Boris Johnson, o ex-primeiro-ministro de cabelo bagunçado que sonhava em ser 'rei do mundo'
    Johnson esteve no centro dos holofotes por conta do escândalo do "Partygate". O caso — que ganhou essa alcunha em referência às festas promovidas na sede do governo durante as restrições da pandemia de Covid-19 — foi um dos principais responsáveis pelo desgaste que levou à sua renúncia em julho do ano passado.

    "Eles sabem perfeitamente que, quando falei na Câmara dos Comuns, estava dizendo o que acreditava sinceramente ser verdade e o que fui instruído a dizer, como qualquer outro ministro", disse Boris Johnson em sua carta de declaração.

    “Eles sabem que corrigi o registro o mais rápido possível; e eles sabem que eu e todos os outros altos funcionários e ministros - incluindo o atual primeiro-ministro e então ocupante do mesmo prédio, Rishi Sunak - acreditávamos que estávamos trabalhando legalmente juntos", complementou o ex-primeiro ministro.

    Aos 58 anos: Ex-premier britânico Boris Johnson será pai pela oitava vez
    “Sou deputado desde 2001. Levo minhas responsabilidades a sério. Eu não menti, e acredito que em seus corações o Comitê sabe disso. Mas eles escolheram deliberadamente ignorar a verdade porque, desde o início, seu propósito não foi descobrir a verdade ou entender genuinamente o que estava em minha mente quando falei na Câmara dos Comuns", finalizou ele.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.