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França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas. França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas.

França eleva nível de segurança e multidão vai às ruas.

Minutos após o ataque que deixou 12 mortos no jornal Charlie Hebdo, em Popincourt, Paris, a França elevou seu alerta de segurança para o nível mais alto e reforçou as medidas de proteção em templos, lojas, escritórios de empresas de comunicação e de transporte, além dos aeroportos. Já as escolas foram fechadas.
De acordo com o porta-voz da polícia, Rocco Contento, diante do clima de insegurança e da possibilidade de outros ataques, os centros turísticos de Paris, assim como o metrô, que inicialmente haviam sido interditados pelas forças do Exército, passaram a ser monitorados pela polícia.

O presidente francês, François Hollande, decretou “luto nacional” de três dias após o ataque mais mortal no país em décadas, chamou os jornalistas de “nossos heróis de hoje” e renovou seu apelo à união do país. “Nossa melhor arma é a nossa união. Nada pode nos dividir, nada deve nos separar”, declarou o chefe de Estado, durante discurso à nação, transmitido ontem por emissoras de televisão.

Manifestação

O clima de tensão espalhou-se pela capital parisiense e logo provocou reações. Mais de cem mil pessoas foram às ruas de cidades de toda a França para homenagear as vítimas da tragédia, segundo estimativas da AFP.

Em Paris, 35 mil pessoas foram à Praça da República, no centro da cidade, perto da sede do Charlie Hebdo, segundo a polícia. Muitos exibiam um adesivo preto, com a mensagem “Je suis Charlie” (“Eu sou Charlie”), um lema em solidariedade às vítimas do ataque.
“Eu lia o Charlie quando jovem. Wolinski foi o desenhista da minha juventude”, declarou, em Lyon, William Ouzilou, de 62 anos, que participou da marcha com a esposa. “Não podemos deixar que a liberdade de imprensa, a liberdade de expressão, sejam covardemente assassinadas, não construímos nada sobre a barbárie”, acrescentou.

De acordo com a estudante de comunicação baiana Maria Dominguez, 20 anos, que mora há cinco meses na capital francesa, o movimento na Praça da República não teve complicações.

“Foi muito tranquilo, apesar da quantidade de gente. Foi um ato de solidariedade mesmo. Os presentes estavam com velas, flores, canetas e exemplares da revista na mão. Gritavam ‘Je suis Charlie’, ‘Liberté des crayons’ (liberdade dos/aos lápis) e ‘Charlie Hebdo on a besoin de toi’ (Charlie Hebdo, a gente precisa de você)”.

Mesmo com o clima de insegurança, Maria diz que a rotina das pessoas em Paris seguiu normalmente. “Quando cheguei na estação da Bastilha, os agentes da empresa que administra o transporte público de Paris (RATP) estavam interditando a linha 5, que tem conexão com a 8. Todo mundo sabia e percebia que tinha algo acontecendo, mas tudo fluía de forma natural”, disse.

Segurança

Os ataques levaram à intensificação das medidas de segurança na capital francesa. O atentado de ontem é o mais mortífero do país desde 1961, segundo os jornais Le Figaro e Le Monde.

Naquele ano, o grupo OAS (Organização do Exército Secreto, em francês) colocou uma bomba na linha de trem entre Estrasburgo e Paris. Os artefatos explodiram em Vitry-le-François, na região de Champagne, fazendo com que os vagões descarrilassem, matando 28 pessoas.
Na Espanha, a sede do jornal El País, em Madri, foi abandonada às pressas por funcionários da empresa horas depois do atentado em Paris por causa de uma suspeita de bomba no interior do prédio. No entanto, o jornal publicou matéria revelando tratar-se de uma garrafa conectada de forma rudimentar a uma lata de spray que, segundo a Polícia Nacional, não oferecia qualquer perigo.

O massacre em Paris também é o pior ataque à mídia desde o massacre de Maguindanao, em 2009, nas Filipinas, quando pelo menos 34 foram mortos. O artista sueco Lars Vilks, que provocou polêmica em 2007 após publicar desenhos do profeta Maomé como um cachorro, também teve a sua segurança reforçada após o ataque.

A Itália reforçou a segurança em “alvos sensíveis” após o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo. O governo citou a presença do Vaticano e a participação italiana em coligações antiterrorismo.

Chefes de Estado condenam ataque e se solidarizam à França

Diversos chefes de Estado e autoridades mundiais manifestaram ontem seu repúdio ao ataque à sede do jornal francês Charlie Hebdo. A presidente da República, Dilma Rousseff, disse, em nota, que o ataque fere a liberdade de imprensa. “Esse ato de barbárie é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa”.

Ela também prestou condolências aos familiares das vítimas e se solidarizou ao presidente Hollande e ao povo francês. A Associação Nacional de Jornais do Brasil também condenou o ataque em nota: “Trata-se de um ato terrorista, injustificável como toda ação do gênero”.
Na Espanha, a sede do jornal El País, em Madri, foi abandonada às pressas por funcionários da empresa horas depois do atentado em Paris por causa de uma suspeita de bomba no interior do prédio. No entanto, o jornal publicou matéria revelando tratar-se de uma garrafa conectada de forma rudimentar a uma lata de spray que, segundo a Polícia Nacional, não oferecia qualquer perigo.

“Foi um horroroso e injustificável crime a sangue-frio”, afirmou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon. Ele disse que se trata de um “ataque direto” à liberdade de expressão e de informação, que qualificou como um “pilar da democracia”.

O papa Francisco também expressou sua “firme condenação” ao atentado. Segundo o Vaticano, o pontífice disse que o ataque “semeou a morte, levando consternação a toda a sociedade francesa e afetando profundamente todas as pessoas amantes da paz”.

Já o presidente dos EUA, Barack Obama, também condenou o ataque à redação da revista. “A França é o mais antigo aliado da América e tem ficado lado a lado com os EUA na luta contra terroristas que ameaçam o mundo e nossa segurança comum”, afirmou em um comunicado divulgado pela Casa Branca. Ele afirma que está em contato com as autoridades francesas e ofereceu qualquer ajuda necessária.

O premiê britânico, David Cameron, também reforçou seu apoio à França na luta contra o terrorismo. “Os assassinatos em Paris são doentios. Nós estamos ao lado dos franceses na luta contra o terrorismo e na defesa da liberdade de imprensa”, disse em um comunicado oficial. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Alemanha apoia a França neste momento difícil.

“Um ataque que ninguém pode justificar contra a liberdade de imprensa e de opinião, um fundamento de nossa cultura livre e democrática”, afirmou em nota.

Líderes muçulmanos repudiam atentado terrorista a jornal

Líderes muçulmanos condenaram o ataque contra a redação do jornal satírico francês, mas, ao mesmo tempo, alertaram que o crescimento do sentimento anti-islâmico na Europa aumentou o apoio aos jihadistas de todo o continente.

Nas capitais de nações muçulmanas, ministros manifestaram no rádio solidariedade com a França. Na Europa, líderes muçulmanos condenaram o ataque e fizeram pedidos por tolerância. Organizações islâmicas condenaram o ataque na internet e usaram a hashtag #CharlieHebdo para expressar solidariedade.

A Liga Árabe e a Al Azhar, principal autoridade do Islã sunita e a segunda mais antiga do mundo, repudiaram o atentado terrorista. Em comunicado, o chefe da Liga Árabe, Nabil Al Arabi, informou que “condena energicamente o ataque”.

A Al Azhar também condenou o que chamou de “ataque criminoso”, afirmando que “o Islã denuncia qualquer violência” e que “não aprova o uso da violência, mesmo em resposta a qualquer ofensa cometida contra os sentimentos sagrados dos muçulmanos”.

Mais cedo, o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM), primeira comunidade muçulmana da Europa, com mais de três milhões de membros, qualificou de “ato bárbaro” o atentado ao jornal Charlie Hebdo. “Este ato bárbaro de extrema gravidade é também um ataque contra a democracia e a liberdade de imprensa”, acrescentou o conselho.

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    Apesar da proliferação de metas climáticas de governos e empresas, as emissões de CO2 continuam muito altas. As emissões mundiais de CO2 provenientes da queima de carvão, petróleo e gás atingiram níveis recordes em 2023.

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    O ano passado foi 0,17ºC mais quente do que 2016, o ano mais quente anterior - quebrando o recorde por margem "notável", disse Buontempo.

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    “Eles sabem que corrigi o registro o mais rápido possível; e eles sabem que eu e todos os outros altos funcionários e ministros - incluindo o atual primeiro-ministro e então ocupante do mesmo prédio, Rishi Sunak - acreditávamos que estávamos trabalhando legalmente juntos", complementou o ex-primeiro ministro.

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