Terça, 30 Abril 2024 | Login
‘Minha filha pedia para não deixar ela morrer’, diz mãe de menina que ficou pendurada em BRT

‘Minha filha pedia para não deixar ela morrer’, diz mãe de menina que ficou pendurada em BRT

“A criança estava desesperada quando foi salva. Ela chorava muito”. Esse é o relato de Victor Gabriel Pineda, auxiliar administrativo de 31 anos, que estava no BRT em que Jheniffer Florêncio, de 6 anos, ficou pendurada pelo braço com o corpo para fora de um ônibus em movimento, por volta das 18h30m de quinta-feira, entre as estações Maré e Fundão. O motorista, Cláudio Hamilton, afirmou nesta sexta-feira, em depoimento na 21ª DP (Bonsucesso), que não viu ninguém pelo retrovisor e, por isso, não atendeu aos apelos para parar o veículo. A menina sofreu um arranhão no braço. Mas o susto foi enorme.
— Pedimos para caramba para ele parar o ônibus, e ele não parou de jeito nenhum — reclamou a testemunha.
Jheniffer ia descer na estação Maré. Segundo a família, o motorista fechou a porta, e ela ficou presa pelo braço. A avó, Marli Florêncio, conta que conseguiu agarrar a criança pelo braço com a ajuda de outros passageiros.
— Minha mãe diz que ela pedia para não deixar ela morrer — conta Jéssica, mãe da criança, que estava no trabalho na hora do acidente.
O motorista, ainda segundo relatos da avó da criança e de Victor Gabriel, abriu a porta momentos antes de chegar à estação Fundão. O trajeto, percorrido pela equipe de reportagem do EXTRA, é de 1.200 metros e dura cerca de três minutos com dois sinais de trânsito — a tia de Jheniffer, Michele Florêncio, conta que o motorista ainda furou um deles. Cláudio não quis falar na saída da delegacia.
Cláudio Hamilton foi demitido na sexta, segundo o Consórcio BRT, por justa causa, e vai responder por lesão corporal culposa, quando não há intenção de ferir. No depoimento, ele afirmou que foi hostilizado por jovens que queriam descer fora do ponto, antes da estação Maré. Como as ofensas começaram do lado de fora do veículo, ele fechou as portas e saiu. Victor confirma a história.
Em nota, a Polícia Civil afirmou que “as imagens das câmeras de segurança estão sendo aguardadas para análise”. Jheniffer passou por um exame no Instituto Médico Legal, mas a investigação só divulgará o resultado se o delegado achar “relevante”.

Deixe um comentário

Certifique-se de preencher os campos indicados com (*). Não é permitido código HTML.