Já pensou poder ter a chave de casa no formato do seu rosto? Ou consertar aquele pé quebrado da sua cadeira trocando por um igualzinho ao original? Ou ainda ter um óculos ou acessório pessoal feito sob medida para o formato do seu rosto? Esse tipo de tecnologia pode parecer bem distante da nossa realidade, mas está cada vez mais próximo, graças a uma parceria entre o Senai Cimatec e a HP, multinacional de tecnologia da informação.
Mas quão próxima? Apenas 36,72 quilômetros da capital baiana. Mais precisamente, a distância entre Salvador e Camaçari. Junto com a SKA, revendedora de impressão 3D da HP, as empresas estão criando um centro de serviços de impressão 3D – ou um Bureau de Serviços, que será inaugurado em agosto deste ano e terá sede no Cimatec Park. Será a primeira planta de manufatura em massa no Brasil, que já tinha produções pontuais desde 1995.
Além dos equipamentos tecnológicos fornecidos, será realizado um programa de capacitação para profissionais que tenham interesse em atuar no segmento de Manufatura Aditiva (MA).
Hoje, são 7 alunos de graduação já no processo. Mas o Bureau incluirá tanto os cursos contínuos do Senai, quanto outros mais curtos para os interessados.
“A manufatura aditiva é um processo de fabricação que trabalha com adição de material, uma forma de obter peças – como a capa do seu celular, seu próprio celular, seu óculos, ou o solado do tênis –, só que sem restrição geométrica que os outros processos de fabricação impõem”, conta o gerente executivo do Cimatec, André Oliveira.
A ideia é trazer para o Brasil a tecnologia da customização em massa, um produto individual para cada consumidor. Hoje, os produtos são feitos em série, todos em molde.
“Com a manufatura aditiva, você não precisa de molde. A pessoa vai lá, faz um projeto no computador e imprime uma peça diferente. Isso reduz o tempo de desenvolvimento, coloca mais dinâmica no mercado e aumenta a competitividade entre as indústrias nacionais”, explica.
Imagine a chave de um carro. Todas as chaves de carro que existem são praticamente iguais. Com a manufatura aditiva, a chave pode ser seu nome e até seu rosto. “É possível fazer joias, um abajur personalizado para você. É uma abertura de um leque não só para designers e arquitetos, mas também para a indústria e para a medicina. A MEI”, pontua Valter Beal, Gerente de Desenvolvimento de Produtos Industriais da Senai Cimatec.
Os produtos serão acessíveis à população, prometem os idealizadores.
Em expansão
Em 2019, o setor cresceu 21,2% no mundo, atingindo um valor de transação de 12 bilhões de dólares - considerando vendas de hardware, software, insumos e serviços. Em 2020, com a pandemia, o crescimento foi de 7,5%, chegando a um volume de negócios de aproximadamente 12,9 bilhões de dólares. A expectativa é continuar crescendo a uma taxa entre 20 e 25%, segundo projeção do Senai Cimatec.
Da HP, o Bureau vai utilizar as impressoras 3D HP Multi Jet Fusion 5200 e HP Multi Jet Fusion 580, que serão utilizadas para oferecer serviços desde a produção, incluindo lotes pilotos, peças finais e até ferramental, em grande escala. Já a SKA, empresa brasileira fornecedora de software CAD e CAM, vai fornecer a estrutura de treinamento e tecnologia.
“A manufatura aditiva, uma das tecnologias da indústria 4.0 precisa ir muito além da indústria de hardware e materiais que a HD provê. Isso só pode se dar através do desenvolvimento de um ambiente de formação de competências e o Cimatec é um grande centro de inovação, formação de mão de obra e serviços”, destacou o presidente da HP Brasil, Claudio Raupp, durante o lançamento do Bureau de Serviços, de forma remota.
O CEO da SKA, Siegfried Koelln, afirma que o momento é o pontapé inicial para um ambiente propício para o ensino e serviços e suporte para start-ups em relação ao uso da tecnologia em benefício da própria indústria. “Esse é o primeiro movimento desse porte na América Latina e vai proporcionar novas maneiras de pensar projetos, na engenharia, no design. Isso é a definição de inovação”, afirmou o CEO.