Domingo, 19 Maio 2024 | Login

Camaçari está mais uma vez em destaque no cenário nacional no quesito educação. É que uma equipe formada por alunas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) - Campus Camaçari foi uma das 20 selecionadas em todo o país para participar do programa de formação de jovens meninas líderes "Power4Girls (P4G) – Empower to Lead" edição 2023, que este ano tem como tema Inclusão e Acessibilidade.

Após o passar no processo de seleção, que ocorreu em março deste ano, no momento, acontece a implementação do programa, com a execução de cursos, oficinas, atividades, tarefas, entre outros. Antes, as alunas do instituto, passaram por diversas etapas, como reunião de apresentação dos mentores às equipes, sessão de orientação e instruções gerais (equipes + mentores), oficinas técnicas e práticas sobre liderança, empreendedorismo e inovação, interação com líderes femininas inspiradoras, além do Kick-off on-line, com objetivo de alinhar diversos detalhes do programa.

O projeto será finalizado em um evento que ocorrerá em Brasília, de 5 a 7 de outubro, onde a equipe apresentará a solução final para uma banca de jurados e os três projetos mais bem avaliados serão premiados.

O P4G é uma iniciativa da Embaixada e Consulados dos EUA, em parceria com o Instituto Gloria e apoio da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) que tem como objetivo empoderar meninas por meio de uma formação que estimula o empreendedorismo, inovação e responsabilidade social para o ambiente de trabalho do século XXI. O programa é voltado para alunas de instituições da Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de todo o país que buscam de forma criativa solucionar um problema/questão na área de acessibilidade e inclusão.

A equipe selecionada, com o projeto PaceFree, orientada pela professora de Português Lanuza Lima Santos, é formada pelas estudantes Gracielle Maria Santos Dias, Isabelle de Jesus Santos Ribeiro, Lorena Oliveira de Souza e Maria Eduarda Oliveira de Amaral, do 3º ano do Curso Técnico de Eletrotécnica. O tema da edição 2023 do Powe4Girls é "Inclusão e Acessibilidade".

O projeto das meninas propõe a criação do Aplicativo (App) PaceFree, que será conectado aos semáforos, por meio da internet das coisas, para alertar com sons e descrições a proximidade do usuário em relação à sinaleira e ao seu estado (verde, amarelo ou vermelho), facilitando o trânsito de pessoas cegas. O App também permitirá a ativação automática da reprogramação das botoeiras de pedestres.

Gracielle Dias, 18 anos, uma das integrantes da equipe selecionada é moradora da Gleba E, que falou sobre a expectativa para o resultado final do programa. "Que eu, Isa, Lore e Duda possamos levar toda experiência que tivemos nesse ano para a apresentação. Como aconteceu na nossa ida ao Caei (Centro de Apoio e Educação Inclusiva) daqui de Camaçari, quando fomos mostrar que um dos caminhos para a mobilidade urbana mais inclusiva e acessível é a abertura para projetos como o PaceFree. E, lógico, representar Camaçari e a Bahia, como a única equipe selecionada do estado", disse a estudante ao reafirmar o desejo de sair campeã. Assim como ela, as outras três alunas são moradoras do município.

No decorrer do programa, tiveram mentoria para o desenvolvimento do plano de ação focado em solucionar um problema/questão em suas respectivas comunidades; participaram ainda de um Webinar mensal, de abril a setembro, com especialistas na área de acessibilidade e inclusão, além de treinamentos, oficinas, atividades/tarefas em grupo e palestras on-line para ampliar as competências criativas, empreendedoras, de inovação e responsabilidade social.

Para mais informações sobre o programa basta clicar aqui.

Publicado em Bahia

De Camaçari para o mundo. Mais especificamente, para Dubai. É assim que dá para resumir os passos da estudante Ana Lima, de 19 anos, nesse início de 2022. Nascida e criada no bairro periférico Verde Horizonte e estudante do curso médio de eletromecânica no IFBA de sua cidade, ela será a única representante brasileira na ‘Global Peace Summit Dubai 2022’, conferência internacional da ONU sobre mudanças climáticas.

A baiana foi selecionada para o evento depois de passar por um processo seletivo com redações e entrevistas entre milhares de brasileiros de 16 a 40 anos. Junto com ela, outros dois foram selecionados. Nenhum deles irá por falta de recursos para pagar a viagem que vai custar, aproximadamente, R$ 9 mil de passagem, hospedagem, alimentação e até testes de covid-19.

Assim como os outros, Ana e sua família não têm condições de arcar com as despesas. De janeiro para cá, conseguiram reunir apenas o valor da hospedagem e dos testes através de um vaquinha. Mesmo assim, ela embarcaria na madrugada desta terça-feira (22) de São Paulo para Dubai.

“Tô indo na cara e na coragem porque é meu sonho. Minha mãe disse ‘vai na fé que esse dinheiro vai chegar’. Então, compramos passagem mesmo sem saber como vamos pagar. É aquele negócio: divide no cartão em mil vezes e vai”, brinca Ana, que participa da conferência de 23 a 26 de fevereiro.

Oportunidade única

Deixando a brincadeira de lado, a estudante afirma que resolveu correr o risco de lidar com uma dívida alta pela seriedade com a qual trata o tema das mudanças climáticas e pelo que a conferência pode representar para ela.

“É uma cúpula global bem importante sobre mudanças climáticas e climatização. Um momento para discutir a agenda da ONU para 2022 e projetos de impacto que serão apresentados lá. Pra mim, é um sonho”, diz a jovem.

Apesar de já desenvolver um projeto sobre climatização, não é dessa vez que Ana vai apresentá-lo para o mundo todo. Pelo menos nessa edição, ela vai como ouvinte. O que não reduz em nada o orgulho da família.

"Muito orgulho, quase que não cabe no peito. E não sou só eu: a família toda está assim. Até as primas ficam falando pro povo que são parentes de uma menina muito inteligente que vai ser a única representante do Brasil em um evento internacional. É um marco para a família”, fala Lidiane Lima, 41, mãe da estudante.

Formada em História, mas desempregada no momento, Lidiane diz que o feito não surpreende. Segundo ela, a filha sempre foi muito dedicada aos estudos e projetos.

“Desde pequena é assim pra frente! Sempre quis estudar e aprender mais coisas, nunca tive problema com ela em relação a isso. O resultado é que, mesmo sempre em escola pública, ela segue dando grandes passos”, completa Lidiane.

Dedicação

Essa é a primeira vez que Ana vai sair do Brasil, mas não se trata do primeiro evento internacional em que ela participa. Muito interessada nesse tipo de experiência, ela já fez parte de outro.

“Eu sempre procuro oportunidades. Já participei de um programa de verão online da Universidade do Porto, de Portugal. Dessa vez, achei essa conferência e me inscrevi. Inclusive, já tem outra no Canadá que quero ir e apresentar projeto”, afirma Ana.

Mesmo com muita vontade de ocupar esses projetos, a estudante sabe que a missão não é fácil para alguém de origem periférica.

“Nossa família é bem humilde, sou de um bairro pobre e não temos condições para bancar tudo isso. Mas, mesmo assim, não quero parar de tentar porque é só por isso que tô indo hoje pra fora”, conclui.

Quem quiser e puder ajudar Ana com qualquer quantia, pode contribuir tanto pelo site da vaquinha como por transferência via pix para a seguinte chave (71) 98693-3748.

Publicado em Bahia