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Polo de Camaçari completa 45 em meio a transformações e novos desafios

Polo de Camaçari completa 45 em meio a transformações e novos desafios

Estratégico para a economia baiana, o Polo Industrial de Camaçari completa, nesta quinta-feira (29), 45 anos de história. Motor impulsionador do desenvolvimento econômico e social da Bahia, o complexo tem contribuído, desde a sua fundação, para o aumento da produção industrial, o crescimento do PIB baiano e a geração de empregos.

Chegando às quatro décadas e meia de atividades, segue atento às demandas do mercado para manter a competitividade através de um esforço compartilhado entre as mais de 80 empresas que integram o complexo industrial, além da buscar de forma constante por novos empreendimentos em diferentes segmentos industriais.

Inaugurado no dia 29 de junho de 1978 pelo então governador da Bahia, Roberto Santos, o Polo Industrial de Camaçari foi recebido com grande expectativa pela sociedade baiana da época que via no projeto uma oportunidade de desenvolvimento econômico para a região. Ao longo da sua história, o complexo foi responsável pela atração de grandes investimentos nacionais e internacionais, mas também de grandes desafios, que exigiram adaptação e busca por novas oportunidades.

Atualmente, em seu vasto leque de empresas, o Polo concentra suas atividades nos segmentos químico-petroquímico, pneus, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas, celulose, fertilizantes, fármacos, energia eólica, bebidas e serviços (incluindo logística). A localização estratégica no município de Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, permite fácil acesso às indústrias através das rodovias BA-093, BA-535 (Via Parafuso), Canal de Tráfego, ferrovias, portos e aeroportos.

De acordo com o Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), o complexo é responsável pela geração de 40 mil empregos diretos e indiretos e um faturamento de US$ 15 bilhões por ano. Segundo os dados do comitê, o polo industrial responde por 15% do total exportado por todo o Estado da Bahia, gerando mais de R$ 3 bilhões por ano em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Protagonismo

O gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Ricardo Kawabe acredita que mesmo em meio aos obstáculos vivenciados pelo setor industrial no Estado da Bahia e no Brasil, o complexo segue garantindo o seu protagonismo no cenário industrial nacional. “Apesar das dificuldades, o Polo Industrial de Camaçari continua sendo uma das maiores concentrações industriais do país e a maior da região Nordeste, com atuação destacada do setor petroquímico e na fabricação de pneus, entre outros setores”, explica.

Vivendo um novo momento, após a uma mudança no quadro político nacional, o complexo, segundo Ricardo, segue com suas atenções voltadas para o desenvolvimento dos negócios, porém atento a importantes debates que se desenrolam no Congresso e podem ter grandes repercussões no setor. “Ao longo de sua história, o Polo já passou por uma série de momentos políticos e as empresas e empresários focam sempre sua atuação no aspecto produtivo, com o objetivo primordial de crescer, produzir e gerar resultados positivos para os acionistas e para a sociedade”, diz.

“No momento atual, há uma expectativa de urgência no enfrentamento das questões estruturais (citadas acima), com a perspectiva de realização este ano da reforma tributária e aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso Nacional, que podem dar expressiva contribuição na melhoria do ambiente de negócios do país e consequentemente da Bahia”, completa.

Competitividade

Segundo o Cofic, como forma de manter competitividade e a atração de novos investimentos, o Polo tem pautado as suas ações no aprimoramento constante de aspectos como segurança industrial, proteção à saúde e ao meio ambiente; sustentabilidade; qualificação profissional; qualidade e produtividade; investimentos em tecnologias limpas; parceria com universidades, instituições de pesquisa e com a comunidade; e programas de responsabilidade social.

Os caminhos para uma expansão e conquista de novos espaços em um cenário econômico com mudanças cada vez mais rápidas, segundo Ricardo Kawabe, da FIEB, passam por uma participação mais ativa do poder público na solução de obstáculos históricos. “O Polo Industrial é como um organismo vivo, precisa ser alimentado para crescer e se manter ativo. Se alguma célula morre, outras precisam surgir e ocupar seu lugar”, afirma. “Os maiores obstáculos enfrentados são os de natureza sistêmica: a pesada carga tributária, as deficiências da infraestrutura logística, o custo da energia, incluindo a oferta e custo do gás natural,a fragilidade do sistema de educação, a enorme insegurança jurídica e o elevado nível de burocracia, além do excesso de regulamentações e taxas, que inibem o empreendedorismo no Brasil e na Bahia”, comenta.

"O Polo Industrial é como um organismo vivo, precisa ser alimentado para crescer e se manter ativo. Se alguma célula morre, outras precisam surgir e ocupar seu lugar", avalia Ricardo Kawabe, gerente de Estudos Técnicos da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.

Para ajudar no fortalecimento do Polo de Camaçari, a FIEB tem atuado na defesa de interesses da atividade de forma coordenada com as empresas e entidades como o Cofic, segundo Ricardo. Ele destaca que o Sistema FIEB como um todo tem buscado oferecer uma importante contribuição às empresas do complexo através de suas entidades.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) tem papel fundamental na formação de mão de obra e na realização de pesquisa aplicada, tendo inclusive construído o Cimatec Park em Camaçari, um complexo tecnológico e industrial em uma área de 4 milhões de metros quadrados, com laboratórios avançados, usinas piloto, áreas de segurança para testes e operações de risco, numa estrutura voltada ao atendimento das necessidades de energia eólica, mecânica, naval e offshore, automotiva, elétrica, construção civil, química, petroquímica e biotecnologia, farmacêutica, celulose e papel, petróleo e gás.

Já o Serviço Social da Indústria (SESI) mantém importante trabalho na área da educação de jovens e adultos, na promoção da saúde dos industriários e suas famílias, bem como nos aspectos da manutenção de um ambiente de trabalho seguro para as atividades laborais nas empresas industriais. O Instituto Euvaldo Lodi (IEL) se destaca no seu trabalho de seleção e oferta de vagas de estágio, na realização de rodadas de negócios e no Programa de Qualificação de Fornecedores, entre outras linhas de atuação. Por fim, o Centro das Indústrias do Estado da Bahia (CIEB) tem atuado como articulador entre demandas empresariais e rede de parceiros, além da realização de encontros e eventos na promoção de melhor ambiente de negócios local.

Tronox e Polo

Símbolo da ampliação do processo industrial brasileiro para o Nordeste durante a década de 1970, a Tronox, primeira fábrica brasileira de pigmento de Dióxido de Titânio, chegou à Bahia antes mesmo da implantação do Polo Industrial de Camaçari. A inauguração da fábrica no estado em 1971 foi fundamental para a criação de uma cultura de empresa química na região. Na época foi um dos grandes empreendimentos industriais do Brasil e de grande relevância para o estado. Além disso, por meio da Sudene, o projeto do governo federal buscava incentivar a produção local do TiO2 com o objetivo de reduzir a dependência da indústria nacional pela matéria prima importada.

Hoje, a operação da Tronox é parte importante de uma cadeia econômica que integra diversas empresas do Polo, viabilizando, entre outros aspectos, a economia circular

Localizada na área de influência do Polo, ao longo dos seus 53 anos de funcionamento, a fábrica - que é associada ao Cofic, evoluiu em práticas de segurança, desempenho ambiental, tecnologia de processo, TI, relacionamento com as comunidades, programas de capacitação das equipes, melhoria e diferenciação do produto, governança e em muitos outros aspectos, sobretudo após a chegada Polo. Nos últimos anos, a sustentabilidade passou a ser uma estratégia de negócio, coordenada globalmente por um CSO - Chief Sustainability Officer e um vice-presidente. Hoje, a operação é parte importante de uma cadeia econômica que integra diversas empresas do complexo, viabilizando, entre outros aspectos, a economia circular.

A Tronox é uma das líderes globais na fabricação do pigmento de TiO2 , um pó branco, inorgânico e de uso seguro, utilizado para dar cor, brilho e durabilidade a uma enorme gama de produtos do nosso dia a dia. O uso do pigmento permite que tintas modernas sejam mais eficientes, mais fáceis de aplicar e tenham um baixo impacto ambiental. O composto é essencial para a qualidade da pintura de imóveis residenciais e comerciais e de produtos como eletrodomésticos, carros, motos e embarcações. Está presente na indústria farmacêutica para cobertura de remédios, em equipamentos médicos tais como monitores e ventiladores, nas próteses cirúrgicas, em embalagens médicas a exemplo das seringas, em equipamentos de proteção individual, entre outros.

O Polo em números e fatos

Início de Atividades: 29.06.1978

Empresas em operação: mais de 90

Principais segmentos: Químico – Petroquímico; Química Fina (fármacos); Celulose; Têxtil; Metalurgia do Cobre; Fertilizantes; Pneus; Energia Eólica; Bebidas; Serviços.

Empregos: 10 mil diretos / 30 mil indiretos

Faturamento: US$ 15 bilhões/ano

Exportações: mais de 15% do total exportado pelo Estado da Bahia

Impostos: Mais de R$ 3 bilhões/ano em ICMS para o Estado da Bahia

Mais de 90% da receita tributária de Camaçari e Dias D´Ávila

Participação no PIB da Indústria de Transformação/Bahia: 22%

LINHA DO TEMPO

1978: Inauguração do Polo Industrial de Camaçari, com a implantação das primeiras indústrias.

Década de 1980: Expansão do Polo Industrial com a chegada de novas empresas, como a Bridgestone, Continental, Basf, dentre outras.

Década de 1990: Consolidação do Polo como um importante centro industrial e atração de investimentos. Implantação de novas empresas, como a Dow Química e a Monsanto.

2001: Inauguração da fábrica da Ford, após 2 anos do anúncio de sua implantação.

2019: Anúncio da saída da Ford do Brasil, incluindo o encerramento das atividades das fábricas no Polo Industrial de Camaçari.

2023: Expansão contínua do Polo industrial, atraindo novos investimentos e diversificando ainda mais as indústrias presentes, com foco no desenvolvimento sustentável e na inovação tecnológica.

 

Fonte: Correio

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