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Maternidade sem parto: população reclama da falta de atendimento na unidade de Camaçari

Maternidade sem parto: população reclama da falta de atendimento na unidade de Camaçari

Inaugurada no dia 30 de setembro, a Maternidade de Camaçari era um sonho da população. Embora tenha se tornado realidade, as mães do município e região ainda têm que aguardar para dar à luz em uma unidade especializada e continuar recorrendo a outros hospitais, como o Hospital Geral de Camaçari (HGC).

Apesar de a realização de partos ser um dos principais objetivos da Maternidade, a unidade de Camaçari, localizada no Jardim Limoeiro, ainda não fez nenhum desde a data da inauguração, há quase um mês.

Em denúncias enviadas ao Destaque1, leitores relatam a dificuldade até mesmo de acessar o equipamento e estacionar o carro para obter maiores informações. Um morador da cidade que não quis se identificar contou que foi até a Maternidade há aproximadamente três semanas, buscando atendimento para a esposa, que está grávida de nove meses.

Segundo o rapaz, no dia em que foi até a unidade havia outras grávidas buscando atendimento, que voltaram frustradas.

“A gente foi lá se informar se já estavam fazendo ou quando iam começar a fazer o parto, e aí informaram lá na frente, não foi um funcionário da Maternidade, foi um segurança que disse, que tinha essa informação de que a princípio só ia começar a funcionar somente o administrativo e ia encaminhar algumas pessoas por regulação. Não tinha previsão de quando ia começar a ter o parto normal, falaram lá em 60 dias. Falaram que em 60 dias ia começar a funcionar tudo certinho, mas até agora não tenho informação se vai funcionar. Essa semana agora minha filha vai nascer, e a gente não tem informação de que vai funcionar a Maternidade”, relatou.

A reportagem do Destaque1 esteve no local e confirmou que a Maternidade de Camaçari não realizou nenhum parto desde a inauguração, embora gestantes tenham ido buscar esse tipo de serviço. Até o momento, a unidade tem ofertado apenas exames, consultas e ultrassonografias. A Fundação Estatal da Família (Fesf), responsável pela administração do equipamento, ainda está fazendo processo seletivo para composição da equipe.

A obra teve investimento de R$ 65,5 milhões para a implantação de 110 leitos, sendo 64 de internação nas especialidades de Obstetrícia Clínica e Cirúrgica com gestão de alto risco, além de dez leitos de UTI Neonatal (UTIN), dez de UCI Neonatal, cinco de UCI Neonatal Canguru, oito de Neonatologia, quatro de Ginecologia, quatro de Cirurgia Plástica e cinco de PPP (pré-parto, parto e pós-parto).

Mesmo com toda a estrutura, de acordo com informações obtidas pelo Destaque1, a Maternidade de Camaçari não tem realizado partos de gestantes em situação de risco, que “não se enquadram no perfil da unidade”, porque não há leitos de UTI para atender às mulheres. As grávidas, portanto, estão sendo encaminhadas para outros equipamentos, a exemplo do HGC. Outras mulheres que teriam buscado o atendimento não estariam ainda em trabalho de parto.

Ainda segundo informações repassadas à reportagem, só após a entrega da Maternidade é que foi constatada a necessidade de leitos de UTI adulto, que ainda deverão ser projetados. Não há prazo para início ou conclusão das obras.

No dia da inauguração, o governador Rui Costa (PT) informou que a Maternidade de Camaçari começaria a funcionar já a partir do dia 3 de outubro, de maneira gradativa. Na data, a diretora-geral da unidade, Aline Costa, havia afirmado que a expectativa é que sejam feitos em média 350 partos por mês, com atendimentos por demanda de porta aberta e via regulação.

Em contato com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) para maiores esclarecimentos, a pasta informou que, “por conta das demandas da Maternidade, a diretora no momento não terá disponibilidade para dar entrevista”.

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