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Caso Sara Mariano: criança sabe que pai está preso, mas acha que ele é inocente, diz advogada

Caso Sara Mariano: criança sabe que pai está preso, mas acha que ele é inocente, diz advogada

A filha da cantora gospel Sara Mariano, de 11 anos, sabe que o pai está preso, mas acredita que ele é inocente, segundo a advogada da família da pastora, Sarah Barros. A criança está prestando um depoimento especial desde às 10h25 desta terça-feira (21), na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca).

"A criança não sabe o que aconteceu, que o pai fez tudo o que fez. Ela sabe que a mãe dela está no céu e acha que o pai dela é inocente. Isso foi contado a ela e é isso que ela entende. Ela não sabe a verdade", afirmou a advogada.

A criança teria informado à advogado de defesa da família materna que não está assistindo televisão, não tem acesso ao celular e não sai nem para comprar o pão. Além disso, a menina não vai à escola desde o dia 25 de outubro. "Ela não está tendo acesso a pessoas que podem contar sobre o caso", disse Barros.

Ainda conforme a advogada, a criança teria relatado que chegou a ir na casa onde morava com os pais uma única vez. Nesta ocasião, um vizinho teria questionado se "ficha da morte da mãe dela teria caído", e a criança teria sido retirada de lá pela família paterna.

A audiência que vai decidir se a guarda da filha da cantora evangélica Sara Mariano ficará com a família materna ou com os avós paternos está marcada para o dia 29 de novembro. No último final de semana, a criança visitou a avó materna, Dolores Correia, após determinação judicial.

Ao detalhar a programação até o dia da audiência, Sarah Barros, advogada da família materna, conta que seus clientes têm direito a um pernoite com a criança, previsto para esta quarta-feira (22). No entanto, será solicitada a alteração para uma visita com duração de 12h durante o dia, visto que a menina relatou dificuldades para dormir sem uma prima da mesma idade – por parte da família paterna. A filha de Sara atualmente está sob guarda da família do pai, Ederlan Mariano, que está preso no Complexo da Mata Escura por ser apontado pelas autoridades como mandante da morte de Sara.

A convivência provisória com a família materna foi uma conquista judicial. A família aguardava um parecer do Ministério Público da Bahia (MP-BA) que foi favorável à suspensão do poder familiar de Ederlan – que estava impedindo a criança de ter contato com seus familiares maternos – e decidiu pela convivência provisória com a mãe de Sara Mariano.

A cantora gospel e pastora Sara Mariano desapareceu no dia 24 de outubro, após sair de casa, no bairro de Valéria, em Salvador, para um evento religioso que ocorreria em Dias D'Ávila. Na ocasião, o próprio marido dela, Ederlan Mariano, denunciou o desaparecimento.

Ederlan informou na ocasião que Sara tinha costume de participar de vários eventos religiosos e na noite de terça um carro foi buscá-la para levá-la até o encontro do qual ela participaria. Mais tarde, ele tentou falar com a esposa e não conseguiu. Ele chegou a dizer que não tinha mais detalhes sobre se ela chegou a partir do evento.

Ederlan chegou a ir até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para prestar queixa na manhã de quinta-feira (26). O corpo de Sara Mariano foi encontrado carbonizado às margens da BA-093, na altura de Dias D’Ávila, na tarde da sexta-feira (27). O marido reconheceu os restos mortais da vítima.

Como o corpo estava carbonizado e irreconhecível, a suposta identificação só foi possível inicialmente graças aos objetos encontrados ao lado da vítima, apontados como de Sara. No mesmo dia, Ederlan foi preso. Inicialmente, foi divulgado que ele confessou o crime, mas a defesa nega. Ele alega ser inocente.

Confissão

Três dos suspeitos de envolvimento na morte da cantora gospel Sara Mariana confessaram em depoimento nesta quinta-feira (16) a participação no crime, durante acareação e depoimento na delegacia de Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador. Weslen Pablo Correia de Jesus, mais conhecido como Bispo Zadoque, Victor Gabriel Oliveira Neves e Gideão Duarte de Lima deram detalhes do crime à polícia.

Segundo os depoimentos, o crime foi planejado sob ordem de Ederlan Mariano, marido de Sara, que pagou os envolvidos e prometeu ainda mais dinheiro. A motivação não foi informada. Sara foi morta a facadas, desferidas pelo Bispo Zadoque enquanto era segurada por Victor Gabriel, na localidade de Leandrinho, às margens da BA-093, em Dias D'Ávila, Região Metropolitana de Salvador.

Zadoque e Gideão estão presos, assim como Ederlan Mariano. Já Victor Gabriel está em liberdade. Um outro homem, cantor religioso, foi citado nos depoimentos, mas segundo os envolvidos ele não participou do crime, embora soubesse do plano de Ederlan e tenha recebido R$ 200 de "cortesia".

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