Imprimir esta página
Corpos de pai e filho mortos em Barra do Jacuípe são enterrados: 'Está doendo muito'

Corpos de pai e filho mortos em Barra do Jacuípe são enterrados: 'Está doendo muito'

Os corpos de Wellington Rocha dos Santos, 46 anos, e do filho dele, Luís Henrique Santana dos Santos, 23 anos, foram sepultados na manhã desta segunda-feira (31), no Cemitério do Campo Santo, em Salvador. Os dois foram assassinados por homens armados quando voltavam de um passeio de jet ski em Barra do Jacuípe, no município de Camaçari, Região Metropolitana. Outra pessoa morreu e mais duas ficaram feridas. O caso está sendo investigado pela polícia.

Luís Henrique era filho único. Familiares e amigos ficaram emocionados durante o velório na capela 8. Muitos compareceram vestindo a camisa do Esporte Clube Bahia, time do qual pai e filho eram torcedores. Houve orações e aplausos antes da saída dos caixões, e o cortejo teve momentos de silêncio e cânticos religiosos até o local do sepultamento. O empresário Francisco Neto, 41 anos, é amigo próximo da família e contou que Wellington, conhecido como Jones, era uma pessoa bem-humorada. Eles ainda estão tentando entender o que aconteceu.

"Recebi a notícia no domingo pela manhã. É uma tragédia muito grande, foi uma perda lastimável. Jones [Wellington] e o filho eram pessoas queridas. Eu tinha um laço de amizade muito forte com Jones, era uma pessoa que visitava minha casa e que estava sempre com a gente. Era um cara que tinha uma alma maravilhosa. O pai dele está derrotado, um senhor tendo que enterrar o filho e a gente sabe que a lei da vida não é essa", disse.

Outra amiga da família, Mara Nunes, reclamou da escalada da violência e cobrou ações mais enérgicas das autoridades. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, de janeiro até o dia 28 de julho, foram registrados 939 tiroteios em Salvador e Região Metropolitana, uma média de 4,5 confrontos por dia. No total, 900 pessoas foram baleadas e apenas 189 sobreviveram.

 

"Está doendo muito ver pai e filho nessa situação. Para quem conheceu a alegria desse homem isso dói muito. Eu soube pela televisão e fiquei abalada. O que está acontecendo nesta terra? Toda semana é um caso novo, todo dia é isso. Estamos sofrendo. Nesse caso, a família ficou acabada. A esposa dele [Wellington] perdeu o marido e o filho. Isso dói demais. A gente precisa de um basta nessa situação", disse.

Violência

Era um dia ensolarado de sábado e pai e filho aproveitaram para fazer um passeio de jet ski, mas quando desembarcaram e seguiam para casa foram surpreendidos por bandidos. Os criminosos estavam em motocicletas, atiraram nas vítimas e depois fugiram.

Durante a confusão cinco pessoas ficaram feridas. Além de Wellington e Luís Henrique, o primo deles, o músico Marcus Vinicius Pereira Santos de Jesus, 19 anos, foi atingido e não resistiu. As outras duas pessoas baleadas não tiveram as identidades reveladas.

O crime deixou os moradores de Camaçari assustados. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou que confrontos estão se tornando frequentes na cidade e que já ouviu disparos próximo de casa.

“O que assusta é que não tem mais horário para essas coisas acontecerem. No caso deles, por exemplo, foi durante o dia. Os bandidos se sentem à vontade para agir em qualquer horário. Existe guerra entre facções, mas é preciso que tenha também ações do poder público que envolvam todos, governo, prefeitura e união”, desabafou.

Um homem, que também pediu anonimato, contou que precisou alterar a rotina. “Infelizmente, não temos como aproveitar os bares e sorveterias que tem em Barra do Jacuípe. Eu adoraria sentar com minha esposa para comer um acarajé e me distrair um pouco, mas não tem como a gente fazer isso. A droga chegou, as facções chegaram, os tiroteios aumentaram e a gente ficou refém da criminalidade”, disse.

O autônomo Maurício Santos, 21 anos, era amigo de Luís Henrique e contou que soube do atentado no dia seguinte. Nesta segunda-feira, ele e os amigos fizeram uma homenagem. O grupo de cerca de dez jovens vestiu camisas com a foto de Henrique e levaram motocicletas até a entrada do cemitério. Quando o cortejo com o caixão passou, eles aceleraram os motores. Familiares assistiram, agradeceram e se emocionaram.

“Ele comprou uma moto tem dois meses. Ele adorava andar, fazer manobras, treinar, como a gente chama. Era uma pessoa de bom coração. Sempre alegre e não tinha besteira com nada, ajudava quem precisava. Eu vou sentir muita falta dele. Foi um bom amigo”, contou Maurício.

No dia do atentado, Luís Henrique mandou uma mensagem para uma amiga, Júlia Sousa, perguntando como a mãe dela estava. “Minha mãe está internada e eu fiz uma postagem nas redes sociais com a foto dela. Ele viu e mandou uma mensagem, disse que ela parecia estar melhor e que ela ia ficar bem. Ele sempre perguntava se ela tinha melhorado”, afirmou, emocionada.

Centenas de pessoas compareceram e o cortejo do sepultamento foi extenso. Familiares precisaram ser amparados. Os amigos acreditam que pode ter ocorrido um mal-entendido. Eles disseram que nos dias anteriores ao atendado pai e filho não demonstraram preocupação ou alterações de comportamento, e cobraram da polícia celeridade na investigação.

Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil respondeu em nota. A instituição informou que investigadores da 33ª Delegacia (Monte Gordo) estão apurando o caso, com apoio do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom).

“As equipes realizam diligências investigativas, busca de imagens de câmeras de vigilância e demais elementos que possam esclarecer a autoria e motivação do crime, que ainda não apresenta elementos para a possível ligação com as mortes de suspeitos em confronto com policiais militares”, diz a nota.

Confronto

O ataque aos banhistas em Barra do Jacuípe aconteceu poucas horas depois que sete suspeitos de envolvimento com o tráfico foram mortos em confronto com a Polícia Militar, na noite desta sexta-feira (28), em Camaçari. A polícia está apurando se há relação entre os casos, mas moradores acreditam que traficantes podem ter atirado aleatoriamente na praia para intimidar grupos rivais.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA), na noite de sexta-feira, a polícia recebeu a denúncia de que um grupo estava se preparando para atacar uma facção rival. Os criminosos estavam na localidade de Jauá.

Equipes do Bope, da Cipe Polo Industrial, Rondesp RMS e do Tático Ostensivo Rodoviário reforçaram o policiamento e durante as rondas os militares encontraram um grupo com cerca de 15 suspeitos.

Ainda segundo a SSP, quando os policiais se aproximaram, os homens atiraram e correram para uma região de mata. Houve tiroteio e após o confronto as equipes encontraram sete integrantes do grupo feridos. Eles foram socorridos para o Hospital Geral Menandro de Faria, em Lauro de Freitas. O restante do grupo fugiu.

Os corpos de Wellington Rocha dos Santos, 46 anos, e do filho dele, Luís Henrique Santana dos Santos, 23 anos, foram sepultados na manhã desta segunda-feira (31), no Cemitério do Campo Santo, em Salvador. Os dois foram assassinados por homens armados quando voltavam de um passeio de jet ski em Barra do Jacuípe, no município de Camaçari, Região Metropolitana. Outra pessoa morreu e mais duas ficaram feridas. O caso está sendo investigado pela polícia.
 
Luís Henrique era filho único. Familiares e amigos ficaram emocionados durante o velório na capela 8. Muitos compareceram vestindo a camisa do Esporte Clube Bahia, time do qual pai e filho eram torcedores. Houve orações e aplausos antes da saída dos caixões, e o cortejo teve momentos de silêncio e cânticos religiosos até o local do sepultamento. O empresário Francisco Neto, 41 anos, é amigo próximo da família e contou que Wellington, conhecido como Jones, era uma pessoa bem-humorada. Eles ainda estão tentando entender o que aconteceu.
 
"Recebi a notícia no domingo pela manhã. É uma tragédia muito grande, foi uma perda lastimável. Jones [Wellington] e o filho eram pessoas queridas. Eu tinha um laço de amizade muito forte com Jones, era uma pessoa que visitava minha casa e que estava sempre com a gente. Era um cara que tinha uma alma maravilhosa. O pai dele está derrotado, um senhor tendo que enterrar o filho e a gente sabe que a lei da vida não é essa", disse.
 
Outra amiga da família, Mara Nunes, reclamou da escalada da violência e cobrou ações mais enérgicas das autoridades. Segundo o Instituto Fogo Cruzado, de janeiro até o dia 28 de julho, foram registrados 939 tiroteios em Salvador e Região Metropolitana, uma média de 4,5 confrontos por dia. No total, 900 pessoas foram baleadas e apenas 189 sobreviveram.
 
"Está doendo muito ver pai e filho nessa situação. Para quem conheceu a alegria desse homem isso dói muito. Eu soube pela televisão e fiquei abalada. O que está acontecendo nesta terra? Toda semana é um caso novo, todo dia é isso. Estamos sofrendo. Nesse caso, a família ficou acabada. A esposa dele [Wellington] perdeu o marido e o filho. Isso dói demais. A gente precisa de um basta nessa situação", disse.
 
Violência
 
Era um dia ensolarado de sábado e pai e filho aproveitaram para fazer um passeio de jet ski, mas quando desembarcaram e seguiam para casa foram surpreendidos por bandidos. Os criminosos estavam em motocicletas, atiraram nas vítimas e depois fugiram.
 
Durante a confusão cinco pessoas ficaram feridas. Além de Wellington e Luís Henrique, o primo deles, o músico Marcus Vinicius Pereira Santos de Jesus, 19 anos, foi atingido e não resistiu. As outras duas pessoas baleadas não tiveram as identidades reveladas.
 
O crime deixou os moradores de Camaçari assustados. Uma mulher, que pediu para não ser identificada, contou que confrontos estão se tornando frequentes na cidade e que já ouviu disparos próximo de casa.
 
“O que assusta é que não tem mais horário para essas coisas acontecerem. No caso deles, por exemplo, foi durante o dia. Os bandidos se sentem à vontade para agir em qualquer horário. Existe guerra entre facções, mas é preciso que tenha também ações do poder público que envolvam todos, governo, prefeitura e união”, desabafou.
 
Um homem, que também pediu anonimato, contou que precisou alterar a rotina. “Infelizmente, não temos como aproveitar os bares e sorveterias que tem em Barra do Jacuípe. Eu adoraria sentar com minha esposa para comer um acarajé e me distrair um pouco, mas não tem como a gente fazer isso. A droga chegou, as facções chegaram, os tiroteios aumentaram e a gente ficou refém da criminalidade”, disse.
 
O autônomo Maurício Santos, 21 anos, era amigo de Luís Henrique e contou que soube do atentado no dia seguinte. Nesta segunda-feira, ele e os amigos fizeram uma homenagem. O grupo de cerca de dez jovens vestiu camisas com a foto de Henrique e levaram motocicletas até a entrada do cemitério. Quando o cortejo com o caixão passou, eles aceleraram os motores. Familiares assistiram, agradeceram e se emocionaram.
 
“Ele comprou uma moto tem dois meses. Ele adorava andar, fazer manobras, treinar, como a gente chama. Era uma pessoa de bom coração. Sempre alegre e não tinha besteira com nada, ajudava quem precisava. Eu vou sentir muita falta dele. Foi um bom amigo”, contou Maurício.
 
No dia do atentado, Luís Henrique mandou uma mensagem para uma amiga, Júlia Sousa, perguntando como a mãe dela estava. “Minha mãe está internada e eu fiz uma postagem nas redes sociais com a foto dela. Ele viu e mandou uma mensagem, disse que ela parecia estar melhor e que ela ia ficar bem. Ele sempre perguntava se ela tinha melhorado”, afirmou, emocionada.
 
Centenas de pessoas compareceram e o cortejo do sepultamento foi extenso. Familiares precisaram ser amparados. Os amigos acreditam que pode ter ocorrido um mal-entendido. Eles disseram que nos dias anteriores ao atendado pai e filho não demonstraram preocupação ou alterações de comportamento, e cobraram da polícia celeridade na investigação.
 
Procurada pelo CORREIO, a Polícia Civil respondeu em nota. A instituição informou que investigadores da 33ª Delegacia (Monte Gordo) estão apurando o caso, com apoio do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom).
 
“As equipes realizam diligências investigativas, busca de imagens de câmeras de vigilância e demais elementos que possam esclarecer a autoria e motivação do crime, que ainda não apresenta elementos para a possível ligação com as mortes de suspeitos em confronto com policiais militares”, diz a nota.
 
Confronto
 
O ataque aos banhistas em Barra do Jacuípe aconteceu poucas horas depois que sete suspeitos de envolvimento com o tráfico foram mortos em confronto com a Polícia Militar, na noite desta sexta-feira (28), em Camaçari. A polícia está apurando se há relação entre os casos, mas moradores acreditam que traficantes podem ter atirado aleatoriamente na praia para intimidar grupos rivais.
 
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-BA), na noite de sexta-feira, a polícia recebeu a denúncia de que um grupo estava se preparando para atacar uma facção rival. Os criminosos estavam na localidade de Jauá.
 
Equipes do Bope, da Cipe Polo Industrial, Rondesp RMS e do Tático Ostensivo Rodoviário reforçaram o policiamento e durante as rondas os militares encontraram um grupo com cerca de 15 suspeitos.
 
Ainda segundo a SSP, quando os policiais se aproximaram, os homens atiraram e correram para uma região de mata. Houve tiroteio e após o confronto as equipes encontraram sete integrantes do grupo feridos. Eles foram socorridos para o Hospital Geral Menandro de Faria, em Lauro de Freitas. O restante do grupo fugiu.

Itens relacionados (por tag)