O grupo criminoso que é alvo da Operação Non Stop, deflagrada nessa quinta-feira (1º) pela Polícia Civil da Bahia, contra fraudes na empresa Sem Parar, de pagamento automático de pedágios, cartões de combustível e estacionamento, não começou a operar recentemente. De acordo com a polícia, que investiga o caso através do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP), apesar do desmonte da organização só acontecer agora, os 12 suspeitos que estão no radar dos investigadores agiam desde meados de 2021 com a venda de ‘tags frias’ da empresa.
Os golpes, que já geraram um prejuízo superior a R$ 200 mil, surgiram a partir da ação de ex-funcionários da Sem Parar que, de alguma forma ainda não descoberta pela polícia, conseguiam acesso a dados como número de CPF e cartões de clientes. Com as informações na mão, integrantes da quadrilha vinculavam os dados de crédito a placas de veículos pertencentes a outras pessoas. Os fraudadores compravam as etiquetas falsificadas da Sem Parar e conseguiam abastecer, passar em pedágios e entrar com o carro em shoppings de forma automática, como os verdadeiros clientes.
A diferença é que todo uso automático das etiquetas chegava no cartão de clientes que tiveram os dados clonados. Arthur Gallas, delegado responsável pela investigação, aponta o fato do débito ir diretamente para o extrato e os pequenos valores de cada serviço como motivos para que a fraude demorasse a ser descoberta.
“Só era possível saber quando o extrato do cartão chegava. Naquele momento, a pessoa verificava que não fez as compras. […] Porém, como são valores pequenos, as pessoas demoravam a ver o baque. Era diferente só no caso de abastecimento porque o combustível está caro e o cliente logo percebia”, explica o delegado.
Saldo da operação
Os investigados da operação estão em Salvador e Feira de Santana, as duas cidades em que agentes da Polícia Civil cumpriram 19 mandados de busca e apreensão. Na capital baiana, onde 16 dessas ações foram realizadas, o rodoviário Arthur Silva, 26 anos, foi preso em flagrante no bairro de Rio Sena.
Sem dar entrevista, o advogado do suspeito alegou que ele não fazia parte do grupo criminoso e apenas teria comprado uma das etiquetas na mão de uma mulher que não teve a identidade revelada. Segundo informações apuradas pela polícia, no entanto, Arthur seria um dos dois nomes mais importantes da quadrilha.
A prisão em flagrante, porém, não se deu por conta de provas que ligassem o suspeito às tags frias. No momento em que revistaram a residência de Arthur, policiais encontraram armamento irregular no local. “Ele estava em casa com duas armas. Para uma delas, ele tinha o registro junto ao Exército. Já a outra era de uma terceira pessoa e não poderia estar ali. Por isso, foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo”, afirma o delegado Gallas
Ainda de acordo com o delegado, as investigações continuam e mais suspeitos podem surgir. Para os próximos passos da Non Stop, a polícia deve analisar todo o material coletado com os 19 mandados. Dentre os elementos apreendidos, estão um caderno que continha uma lista de CPF’s, máquinas de cartão de crédito, tags da empresa, computadores, documentos e aparelhos eletrônicos. Todos os itens serão usados para reforçar o conjunto de provas da investigação, que já está em curso e já ouviu vítimas do golpe.