Imprimir esta página
Braskem recebe certificação internacional para usar matérias-primas circulares em Camaçari

Braskem recebe certificação internacional para usar matérias-primas circulares em Camaçari

A certificação internacional para o uso de matérias-primas circulares ou renováveis na produção de resinas em Camaçari foi um dos destaques em ESG da Braskem no primeiro semestre do ano. Durante a conferência para a apresentação dos resultados da empresa nos primeiro seis meses do ano, nesta quinta-feira (11), Pedro Freitas, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Braskem, destacou a importância da estrutura no Polo Industrial de Camaçari para a corporação. Ele disse ainda que novos investimentos em economia circular na Bahia estão em fase de estudos.

Em abril, a Braskem, líder de mercado e pioneira na produção de biopolímeros em escala industrial, anunciou ter recebido a Certificação Internacional de Sustentabilidade e Carbono (ISCC Plus, na sigla em inglês) em suas unidades baianas. Com isso, as plantas podem utilizar matérias-primas alternativas em seus processos produtivos. Entre essas possibilidades de insumos está o óleo de pirólise ou óleo circular – produzido a partir da pirólise, processo químico que quebra as moléculas dos resíduos plásticos a partir do calor – que será usado como matéria-prima circular para produção de novos químicos e polímeros.

“A Bahia é a nossa maior operação, nossa maior central, nosso maior site e tem papel fundamental em nossa estratégia de economia circular e de carbono neutro”, ponderou Freitas. Ele lembrou que é em Camaçari, por exemplo, que a empresa produz o ETBE, um bioaditivo para gasolina automotiva, que tem o etanol como matéria-prima.

Segundo ele, estão no radar da empresa novos investimentos para crescer tanto na produção de materiais renováveis, quanto no uso da reciclagem. Entretanto, como os projetos ainda estão em fase de maturação, Freitas não pôde dar mais detalhes.

“Do lado de reciclagem, temos atuação muito forte junto à comunidade na Bahia, com vários programas de educação e capacitação das pessoas”, disse, lembrando que uma das ações para o incentivo à reciclagem adotada pela empresa começou na Bahia.

Tarifas de importação

O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Braskem admitiu que a empresa vai rever os planos de investimento no curto prazo por conta da redução nas tarifas de importação aplicadas sobre as resinas plásticas produzidas no exterior. Ele rechaçou a possibilidade de fechamento de fábricas, mas pediu que o governo federal revise a medida.

“Acreditamos que é uma medida que precisa ser revista, a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química) está buscando esta revisão, e do lado da Braskem, estamos avaliando outros impactos”, respondeu ao ser questionado sobre o assunto. “Uma das possibilidades é a revisão do nosso portfólio de investimentos no país”, completou. Neste caso, explicou, seriam suspensos ou adiados investimentos em processos de modernização ou ampliações, explicou.

Pedro de Freitas fez questão, entretanto, de afastar a possibilidade de fechamentos de unidades. “A gente não tem ainda esta definição. Se olhar para o nosso ecossistema industrial, não é o caso uma decisão de fechar uma central. Essa é uma decisão muito impactante, não é algo que seja o caminho, até porque a redução do IPI é uma medida temporária e daqui a um ano volta. A decisão de fechar é de longo prazo e teria que olhar uma perspectiva de longo prazo”, ressaltou.

Ele destacou a importância de a Braskem ter investido em unidades de produção fora do Brasil, como estratégia para ter mais segurança nestes momentos de instabilidade. “Agora, eu digo que se isso tivesse acontecido antes da estratégia de diversificação geográfica, teria um impacto importante. Ainda tem um impacto grande para a nossa operação no Brasil, mas não preocupa para o todo da nossa operação”, disse.

Resultados do semestre

Na área financeira, a Braskem anunciou um Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3,9 bilhões no segundo trimestre de 2022, com geração de caixa de R$ 2,4 bilhões. A posição de caixa da Companhia ficou em US$ 1,9 bilhão, o que garante a cobertura dos vencimentos de dívida nos próximos 66 meses, mesmo não considerando a linha de crédito rotativa internacional disponível no valor de US$ 1 bilhão, com vencimento até 2026. A receita líquida do trimestre foi de R$ 25,4 bilhões.

“Apesar da volatilidade do cenário internacional, a companhia segue apresentando bons resultados em função da estratégia de diversificação geográfica e de matéria-prima que iniciamos nos últimos dez anos” afirma Roberto Simões, CEO da Braskem, em comunicado.

Com o impacto da variação cambial no resultado financeiro, dada a depreciação do real frente ao dólar sobre a exposição líquida no montante de US$ 3,6 bilhões, e com a atualização da provisão referente ao evento geológico em Alagoas, a Braskem registrou prejuízo líquido de R$ 1,4 bilhão no trimestre. No acumulado do ano, a Companhia registra lucro líquido de R$ 2,5 bilhões.

Adicionalmente, a empresa anunciou ter alcançando “marcos importantes”. Em junho, a Braskem Idesa firmou acordos com a Advario, empresa líder global no setor de armazenamento com sede na Holanda, para alienação de participação de 50% do capital social da Terminal Química Puerto México, subsidiária da Braskem Idesa responsável pelo desenvolvimento e operação do projeto do terminal de importação de etano no México. O terminal de importação de etano da TQPM terá capacidade de 80 mil barris diários de etano, fornecendo condições para que a Braskem Idesa importe toda sua necessidade de matéria-prima.

Ao longo do trimestre, a Braskem seguiu focada no desenvolvimento e implementação dos diversos projetos de suas principais avenidas de crescimento, que estão concentradas nos negócios de renováveis, de reciclagem e negócios existentes com foco em produtividade e competitividade.

A companhia tem o compromisso de atingir 1 milhão de toneladas de capacidade de produção de biopolímeros até 2030 e, nesse contexto, vem anunciando potenciais parcerias estratégicas e financeiras. Além disso, a Companhia segue implementando o projeto de expansão de sua capacidade de produção anual de eteno verde de 200 mil toneladas para 260 mil toneladas com progresso físico deste investimento de 50%.

Em relação ao compromisso de aumento da capacidade de produção com conteúdo reciclado, a Braskem destacou a implementação do projeto de construção da primeira unidade de reciclagem avançada no Brasil, em parceria com a Valoren. O objetivo é transformar quimicamente, por meio do processo de pirólise, resíduos plásticos em matéria-prima circular.

E, no início do mês, a companhia anunciou que totalizará uma participação societária de 61,1% do capital social da Wise Plásticos, empresa do setor de reciclagem mecânica, e que desembolsará o valor estimado de R$ 121 milhões, dos quais parte relevante será aportado na duplicação da capacidade produtiva atual para cerca de 50 mil toneladas de reciclados até 2026. A Wise é um player relevante de reciclagem de poliolefinas para companhias de bens de consumo, sediada em Itatiba (SP).

Também no início do mês, a Braskem inaugurou o Cazoolo, primeiro centro de desenvolvimento de embalagens para economia circular do Brasil, na zona Oeste de São Paulo. O espaço, resultado de um investimento de R$ 20 milhões, será um hub de inovação que promoverá melhorias em toda a jornada de embalagens, desde a sua concepção até o pós-consumo.

O espaço de 450m² foi planejado para estimular a interatividade e criatividade com salas modulares, prateleiras que simulam gôndolas de supermercado e mini auditório para apresentações de projetos. O Cazoolo conta com seis impressoras 3D de última geração, além de equipamentos de impressão, corte laser, solda e termoformagem para a produção de protótipos em um curto espaço de tempo, acelerando o desenvolvimento dos projetos das marcas interessadas em estabelecer parcerias.

Itens relacionados (por tag)