Todos os anos milhares de famílias pegam a estrada e vão passar o Verão nas praias de Camaçari, na Região Metropolitana. A população litorânea da cidade tem cerca de 110 mil habitantes, mas pula para 280 mil no período devido aos turistas que movimentam a economia. Na quarta-feira (1), o III Fórum do Turismo de Camaçari debateu os desafios para o setor no pós-pandemia e apontou dicas para ajudar a alavancar o segmento em 2022. O evento foi uma parceria da Prefeitura com o Banco do Nordeste.
As praias de Itacimirim e Guarajuba, com suas areias brancas e águas cristalinas, são as mais procuradas, assim como a aldeia hippie em Arembepe. Mas existe uma peculiaridade no turismo de Camaçari. O município tem uma série de casas que servem como residências de veraneio e que no Verão ficam lotadas com amigos e familiares dos proprietários. Somados aos visitantes que se hospedam em hotéis e pousadas, são cerca de 180 mil turistas.
Segundo os especialistas, o município tem potencial para ser explorado turisticamente, mas precisa de estratégias para crescer. Por isso, o tema do Fórum foi ema Tecnologia e Inovação no Turismo. A CEO da GO Consultoria e presidente da HSMAI Brasil, Gabriela Otto, foi uma palestrante e afirmou que a pandemia colocou à prova a capacidade dos empresários de gerir custos e riscos, e de fazer gestão comercial. Ela deu algumas dicas.
“Não tem outra saída a não ser trabalhar com preços, ser agressivo em termos de diárias. Esse é o nosso caminho para a retomada saudável, sustentável e impactante a partir de 2022. É preciso repensar as promoções, elas devem durar um período específico, e fazer uma boa análise de dados para conhecer melhor o seu público”, afirmou.
Gabriela está otimista com o mercado de eventos e contou que em algumas cidades existem espaços com agendas lotadas até março. O principal desafio, na análise da CEO, será manter as estratégias competitivas, fazer uma gestão de custo mais eficiente e usar melhor a comunicação. Ela destacou que a tecnologia é uma peça fundamental na equação para melhorar as contas das empresas.
“Sem análise de dados a gente não consegue entender o que satisfaz o nosso cliente, o que faz ele voltar. É preciso saber por onde ele compra, qual o perfil dele e o que é importante para ele. Mas, por mais que a gente automatize a indústria, é importante não perder a nossa humanização porque isso faz a diferença”, analisou.
O Fórum foi realizado no Hotel Vila Galé Marés, em Guarajuba, e contou com a participação de profissionais do setor do turismo e gestores municipais. Atualmente, a cidade tem cerca de 6 mil leitos e oferece atrações para descaso, como praias, duas delas com Selo Bandeira Azul, que atesta a qualidade, e a aldeia hippie. Existe também a possibilidade de turismo de aventura e mergulho em naufrágios, além do Santuário de Santo Antônio, considerado um ponto turístico. O vice-prefeito, José Tude, está otimista.
“Por conta da pandemia houve uma queda muito grande do fluxo turístico em todo o Brasil. Agora é que estamos retomando. Com a pandemia reduzindo cada vez mais os índices e a vacinação se ampliando temos um caminho para a abertura e para que 2022 tenha ações muito mais fortes para aumentar o fluxo turístico, não apenas na nossa região, como também em Salvador, na Bahia e no país de um modo geral”, disse.
O turista que procura Camaçari tem um perfil muito específico. São famílias, oriundas, em grande parte, de cidades baianas, como Salvador e Feira de Santana. Em seguida, aparece o público de outros estados, como Brasília (DF), Goiânia (GO) e de cidades de Minas Gerais e São Paulo. A titular da Secretaria Municipal de Turismo (Setur), Cristiane Bacelar, disse que a cidade está preparada para o Verão.
“O Fórum tratou de tecnologia e inovação, ou seja, da capacitação do nosso trade para esse Verão. As pessoas estão cansadas de ficar em casa, de ficarem reclusas, então, elas vão estar na rua visitando os lugares. Camaçari é uma potência em turismo com seus 42km de costa. O Fórum é para mostrar as possibilidades de inovação através da tecnologia para que nosso trade esteja preparado e fortificado depois de um período de latência de quase dois anos”, disse.
Já a subsecretária de Turismo, Lucia Bichara, destacou a importância do Fórum para o desenvolvimento do setor. “Temos a possibilidade de fazer com que essa cadeia produtiva possa potencializar ainda mais o seu negócio, desde o pequeno até o grande empreendedor, e esse é o trabalho que estamos fazendo na Secretaria de Turismo”, afirmou.
Durante o evento o público foi apresentado a Bebook, uma startup que oferece um sistema de análise de dados para ajudar os empresários a conhecerem mais a fundo o mercado em que operam e o público alvo. A abertura do encontro foi realizada pelo do superintendente do Bando Nordeste na Bahia, José Gomes Costa, e houve uma palestra sobre o Hub de Inovação, com Gabriel Salgado. Um grupo de indígenas Tupinambás fez uma apresentação cultural e teve exposição do artesanato local.
Linhas de crédito
O Fórum foi realizado através do Programa de Desenvolvimento Territorial do Banco do Nordeste (Prodeter) em parceria com a Prefeitura de Camaçari, e durante o evento foram apresentadas as linhas de crédito disponíveis para microempreendedores e empresários. O superintendente do banco na Bahia, José Gomes Costa, listou algumas vantagens.
“Atendemos desde a base da pirâmide empreendedora, que é o microcrédito que tem apenas CPF, até o MEI, que é quando ele ganha CNPJ. Até R$ 100 mil os créditos são feitos sem garantia real. O limite é a capacidade de pagamento do empreendedor”, disse.
Ele contou que o volume de pedidos e de concessão de empréstimos aumentou, mas não soube precisar a quantidade. “O setor de turismo foi um dos que tiveram a maior retração durante a pandemia e, nesse momento, é um dos que mais nos demandam recursos para capital de giro e para investimentos, ou seja, para a retomada. O Banco do Nordeste opera recursos do tesouro para geração de emprego e renda. Esse é o nosso objetivo”, afirmou.
Camaçari tem 77 pontos de hospedagens. Um deles é a pousada A Capela, de Cláudia Gliudice, que contou durante o evento que foi uma das beneficiadas com a linha de crédito do banco. “Entrei em contato com o banco, em abril do ano passado, e naquele momento não foi inovação, foi salvação porque no final do ano consegui um empréstimo para salvar a minha empresa. Estou pagando, faltam cinco parcelas. Esse ano consegui recurso para inovação, com financiamento de 80% e taxa de juros anual de 2.5%”, disse.